Para divulgar The Limehouse Golem, María concedeu uma entrevista ao site Alta Voz. Leia o bate-papo traduzido:
Como surgiu a oportunidade de trabalhar em ‘The Limehouse Golem’?
Juan Carlos Medina conhecia meu trabalho e me ofereceu esta femme fatale a qual sempre estarei muito agradecida. Foi valente em tofos os sentidos e isso se refletiu no filme.
Sua personagem, Aveline, recebe com inveja e certa ignorancia Lizzie. Acredita que este este tipo de atitude vai mais além da era vitoriana e perdura hoje nos trabalhos?
A inveja nasce da mais pura insegurança. E por trás dessa mulher forte e chamativa se esconde o medo de perder seu lugar como artista e no coração de John Cree. Os sentimentos não compreendem épocas ou lugares.
Segundo sua experiência, esse tipo de inveja se dá mais entre homens, mulheres ou é indiferente? Por que acha que isso existe?
Sinceramente acredito que acontece em ambos os sexos. Parece que tem uma imagem negativa nas mulheres fazendo parecer que entre nós há mais inveja mas não concordo com isso. Quando vai crescendo nota que existe entre homens e mulheres e, também, em idades bem distintas. Depende muito da segurança que uma pessoa tem. Quando tem medo de perder algo, acaba perdendo…
Quais momentos destacaria de sua personagem no filme?
Aveline é uma personagem que me fascina. Se esconde atrás de uma mulher sedutora, extravagante e frívola, mas no fundo te mostra que está cheia de buracos que deixam ver seu amor e sua humanidade.
Como imagina a vida das mulheres da Londres de 1880? Acredita que o filme tenha um viés feminista?
Tinham uma vida muito difícil, assim valoriza mais tudo o que tiveram que fazer para seguir em frente. O filme é feminista e contado por uma mulher que se reinventa com o tempo. Claramente uma sobrevivente. Ainda mais interpretada com toda a doçura e força que Olivia tem. Uma mágica e maravilhosa mulher.
Como foi trabalhar com Bill Nighy e Eddie Marsan?
Um sonho. Bill é um ser de outro planeta. É a delicadeza e elegância em um homem. Eu me vi encantada por ele e tive a sorte de compartilhar conversas maravilhosas sobre a vida que sempre recordarei. De Eddie foi um luxo ver como compunha o personagem e também desfrutar de seu senso de humor.
O que é o mais complicando de filmar em inglês e com um elenco em que é a única espanhola?
O mais complicado de filmar em outro idioma é poder transmitir tudo aquilo que deseja através de um código que não conhece bem. Seus sentidos disparam e começa a descobrir capacidades de superação que não sabia que tinha. É um jogo. E, neste caso, foi um jogo arriscado porque o sotaque em inglês tinha que ser impecável. Os produtores me deram todas as facilidades para me ajudar. Me senti muito apoiada por todos eles e estarei eternamente agradecida a eles porquê fizeram com que eu me sentisse capaz.
Acredita que o ‘Brexit’ está afetando ou pode afetar a indústria cinematográfica britânica?
Não sei muito bem, sinceramente. Creio que veremos nos próximos anos… Mas do que estou segura é de que continuarão fazendo filmes de altíssima qualidade como esse.
Por que decidiu mudar-se para Los Angeles? Qual é o balanço que fez de seu primeiro ano ali?
Me mudei para Los Angeles por amor (este ano se casou com o músico e diretor de orquestra venezuelano Gustavo Dudamel). E mesmo que seja muito menos que Londres sinto que posso chegar a me apaixonar por esta cidade. Não é fácil, mas me tranquiliza saber que para todos que chegam aqui é difícil encontrar seu lugar. Me animei no melhor momento da minha vida a me reinventar e o que é melhor do que fazer isso aqui, onde tudo é possível.
Como abre caminho uma atriz espanhola na indústria americana?
Não sei. Suponho que começando do zero. Dá vertigens, mas é muito excitante ao mesmo tempo. Alguém não decide como começa, nem como termina. No fim, seu caminho está marcado pelas decisões que tomou entre as opções que a vida te ofereceu. Nem mais nem menos. Tudo termina sendo mais simples… E, quando entende isso, o resto não importa.
Desde seu Goya com La flaqueza del bolchevique não parou de trabalhar. Acredita que a partir dos 30 começará a receber menos papéis interessantes? Algumas veteranas reclamam disso…
Talvez sim, talvez não… Não posso adivinhar o que vem… Talvez não voltem a me chamar ou talvez venham os personagens mais interessantes, quem sabe? Dentro de uns 30 anos poderemos fazer um balanço… Só torço que, seja o que for, seja algo que me apaixone entusiasme!
Fonte | Tradução – Larissa F.