María Valverde concedeu uma breve entrevista para a revista Yo Dona, onde falou sobre sua nova vida em Los Angeles. Leia e confira os scans abaixo:
María Valverde (Madrid, 1987) mora há alguns meses em Los Angeles, mas não apenas para perseguir seu sonho de Hollywood. A mudança ocorreu graças ao amor. Ali vive com seu marido, o diretor da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, Gustavo Dudamel, um venezuelano extrovertido e apaixonado que inspirou a série de televisão Mozart in the Jungle, e foi o maestro mais jovem (35 anos) a dirigir o Concerto de Ano Novo de Viena.
Apesar dos contatos da pequena prodígio com diretores de moda, Valverde continua livre e está voltando para o cinema europeu. Conseguiu seu primeiro papel de protagonista em um filme francês, Plonger, da atriz e diretora Mélanie Laurent. E em 27 de outubro estréia Nuestra Vida En La Borgona (Ce qui nous lie), de Cédric Klapisch, onde interpreta um pequeno papel em um drama familiar que faz reflexão sobre a fraternidade, cultura do vinho e nostalgias. A madrilena sabe tudo sobre melancolia.
Em 2014 se mudou para Londres, uma cidade que, afirma, lhe deu liberdade e mudou sua vida. Agora se obriga a voltar a cada três meses a Espanha para visitar seus familiares. “É uma regra que eu impus porque sou muito familiar. Eles são o que eu mais preciso”, confessa.
Já começou a ir para audições em Hollywood?
Estou levando isso com calma. Quero seguir construindo minha carreira sob uma base muito forte e no meu ritmo. Depois, se terei que trabalhar, eu vou atrás. Los Angeles não é uma cidade muito fácil. Nela, você tem que criar sua comunidade e isso leva um tempo.
O resultado é animador?
Sou bastante inconformista e eu gosto de viver bem, e na Espanha eu tenho muitas facilidades: ali estão minha família e amigos, meu idioma…. Quando me mudei para Londres, precisei reduzir minha vida a uma maleta e pensar em mim. Me ajudou muito. Em Los Angeles estou fazendo praticamente o mesmo, mas é diferente porque agora eu tenho meu esposo.
Onde começou essa necessidade de mudança?
De alguma maneira é meio que uma crise existencial. Crescer da medo. Ninguém te ensina a fazer. Quando estamos sozinhos lembramos que devemos aproveitar as pessoas que temos ao redor, no final, quando tomamos as decisões, todos se transformam em um só.
Esta crise tem a ver com você tornando-se trintona esse ano?
Creio que isso acontece em todas as idades. O mesmo com homens e mulheres, cada um chama de uma maneira. Às vezes isso fica ridículo, mas é real e temos que ser honestos com os momentos vitais. Tudo é tão fácil agora, mas sempre queremos mais, devemos nos perguntar até que ponto, encontrar um balanceamento e viver o agora. Parece besteira, mas é a verdade.
Como é sua vida em Los Angeles?
Tenho a sensação de que vou me apaixonar pela cidade. Alejandro Ináreitu, de quem somos muitos amigos, nos disse que viver ali [LA] é como estar em um spa. E é verdade, porque no final das contas nós precisamos trabalhar fora. O que eu gosto dessa cidade é que é fácil ter uma casa com seu próprio jardinzinho . É também estar rodeada de muitas outras coisas.
Como quais?
A natureza é incrível… Eu gosto de Big Sur, mesmo que agora não podemos visitar. Houve uma avalanche e a montanha se desprendeu. Eu vou a Santa Bárbara e até parece a Espanha, com os carvalhos, vinhos e as construções. Eu viviria em São Francisco e sou muito fã de Carmel, o deserto de Joshua tree, que é mágico, e de Palm Springs, que é como uma viagem para o passado, aos anos 50.
E pontos negativos?
É uma cidade passiva-agressiva, porque parece que está acontecendo nada, mas está acontecendo tudo. E não tem como dar uma volta sem ter que pegar o carro. É mais meditado.
Você sente falta do metrô?
Você entendeu errado, pois sou carne do metrô (como se não vivesse sem). Também gosto de andar. Às vezes eu deixo o carro a algumas quadras do meu destino e vou caminhando. Eu me obrigo a deixar a situação difícil. Mas eu sempre acho que vou gostar muito.
Qual é a palavra em inglês que você mais odeia porque é difícil de pronunciar?
São muitas. Mas tem algo que eu detesto: estar tentando falar em inglês com todo o esforço e te soltam: ‘Tranquila, eu falo espanhol pior’. E eu pergunto: ‘Você sabe espanhol?’ e te respondem que não. Me sinto insultada. É seu humor, mas me ofende. Tem muitas palavras que são difíceis para mim, mas às vezes eu as invento. Invento algumas palavras em castelhano. Hoje em dia estou me esforçando tanto no inglês que às vezes eu não encontro as palavras em espanhol.
O que é mais difícil, falar em inglês ou em francês em filme com espanhol com sotaque?
No fim tudo é um pouco parecido, porque é tudo muito musical. Mas eu gosto muito de francês, mas quando trabalhei em La Mula (Michael Radford, 2013) foi muito difícil conseguir sotaques corretos. Mas é divertido.
Seu esposo é venezuelano, assim imagino que não tens que falar em inglês entre vocês dois.
Não, mas às vezes soa natural. O filho dele é bilingue, de modo que em algumas ocasiões nós mesclamos e falamos em inglês.
Que tipo de música é tocada em sua casa?
Clássica. Todo momento. A verdade é que eu tenho a melhor pessoa para me explicar. Posso ficar cansada, mas é lindo porque é emocionante aprender o que estou ouvindo. Estou conhecendo um monte de coisas.
Algum conselho?
Escute Mozart. É espetacular. Mas também gosto da Novena de Beethoven. Vou descobrindo consitas, pianistas. Antes de conhecer Gustavo eu gostava muito de Ludovico Einaudi, que é bastante contemporâneo e suponho que também é muito cinematográfico. Mas sempre gostei mais de música independente. No início, eu também ensinei ele. Estamos descobrindo grupos pops e indies, coisas que jamais havíamos escutado. Eu o abro um outro mundo e ele abre um novo para mim.
De qual maneira essa relação é diferente?
No passado eu ouvia de mim mesma querer o melhor esposo. E isso foi de maneira inconsciente, porque ninguém me pedia nada. A mulher era apenas cuidar e ajudar. E não. Um tem que pensar em si mesmo para que o parceiro brilhe e demonstre o melhor que há entre os dois.
Como você se recupera das gravações?
Quando eu era mais jovenzinha eu passava mal. No início, no meu primeiro filme, La Flaqueza del Bolchvique (Manuel Martín Cuenca, 2003), fiquei muito triste, porque eu achava que meus companheiros eram meus amigos, minha família. Mas não. Alguns permaneceram, mas algumas relações se disciparam. São vidas pequenas, um nasce e o outro morre. É muito bonito.
E sobre sua relação com sua casa natal, agora o tempo é mais curto?
Estou buscando o ponto de união para eu não perder minha família. Mas agora, com a mudança de horário, é complicado, porque quando estou acordando eles estão no final do dia e se encontram cansados, de modo de que se conectar enérgicamente é complicado. Além do mais, eu sou muito solar e acordo hiperativa.
Alicia Vikander me contou que ela combina com seus pais para jantarem por Skype.
Que ideia boa! Eu tive café da manhã com a minha mãe enquanto ela tomava café da tarde. Ter Facetime e Skype ajuda muito as coisas. Lembro quando nós precisávamos ligar a cotar porque não tínhamos dinheiro. Como tudo mudou!
Fonte | Tradução – Yasmim