Em Toronto, onde estreou seu último filme, ‘Plonger’, a atriz espanhola María Valverde reconheceu para a Efe que sua personagem, Paz, tem muito dela é que se encontra em um período de “reinvenção”, tentando descobre o que quer como mulher e como profissional.
Em ‘Plonger’, que esta dirigida pela realizadora e atriz francesa Mélanie Laurent e estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), Valverde dá vida a Paz, uma fotógrafa que busca aventura enquanto seu companheiro, César (Gilles Lellouche), também fotojornalista, quer uma vida mais tranquila.
Em declarações à Efe, Valverde revelou que Paz é a personagem mais pessoal que nunca interpretou e “a melhor, sem dúvida”.
“O que gosto mais é que é um filme feminista, que fala do direito que Paz tem de encontrar-se. Porque chegou um momento em que não aguenta mais. Não é feliz. E precisa encontrar-se sobretudo para dar o melhor a sua família, ao marido que ama, e ao bebê que quer. Não é um filme fácil”, afirmou.
Valverde explicou que o filme é “extremista” se “o público quer pensar”. “Às vezes alguém tem medo de crescer e fazer certas perguntas, que a sociedade não te deixa fazer porque estão mal vistas. Mas realmente é um filme que fala a verdade e às vezes não queremos vê-la”, adicionou.
A atriz madrilena revelou que Paz foi desenvolvida por meio de grandes conversas com Laurent e que é talvez o que papel em que mais se entregou.
“Paz é uma mistura entre Mélanie e eu. É a mulher que criamos juntas e a verdade é que é uma personagem que me tocou muito pelos temas tratados. Peguei todas as experiências que vivi, e o que sou e o que quero ser. De alguma forma é a personagem mais pessoal”, explicou.
Neste sentido, Valverde, que em março completou 30 anos, declarou que busca “o desafio e o risco”, o que a motiva na hora de fazer seus trabalhos.
“Quero me envolver mais com os projetos que faço. Poder esperar mais de mim. Não somente interpretar uma personagem”, confessou.
Valverde insiste que está em um processo de “reinvenção”. Ao ser perguntada do que significa exatamente esse processo, a atriz disse que está tentando descobrir o que quer tanto como mulher e como profissional.
“Chegou a um ponto em sua vida em que se pergunta se o que fez até agora é o que quer continuar fazendo. E entendendo o que é melhor para você. O que te faz feliz. Suponho que agora é hora de reinventar inteiramente. E me anima muito essa etapa”, explicou.
A atriz, que se iniciou no mundo do cinema aos 16 anos com ‘La flaqueza del bolchevique’, de Manuel Martín Cuenca, também afirma que a história de Paz tinha que ser contada por uma mulher atrás das câmeras.
María considerou que em caso de haver desenvolvido Paz com um diretor masculino teria sido mais difícil, e que há histórias “que tem que ser contadas por mulheres”.
“O livro foi escrito por um homem, mas é um ponto diferente. Às vezes ajudem tem que enfiar-se na pele da pessoa por qual quer que seja contada. É muito importante a visão de uma mulher e ter ela por trás”.
E, mesmo que valorize os trabalhos realizamos com diretores homens, como os espanhóis Martín Cuenca e David Trueba ou o britânico de origem indiana Asif Kapadia, Valverde também conhece o valor intrínseco de colaborar com diretoras femininas.
“É muito importante o feito de ter uma mulher como diretora, para apoiar sua personagem, sua história. O ponto de vista vai ser diferente. E é verdade que nós mulheres precisamos muitíssimo mais filmes arriscados e feministas como esse”, comentou.
Fonte | Tradução – Larissa F.