María Valverde é um dos destaques da edição de fevereiro da conceituada revista Vogue. Além do ensaio exclusivo, a atriz concedeu uma entrevista MARAVILHOSA, onde falou sobre assédio, diferença de salário e muito mais. Leia tudo abaixo:
Talento precoce, beleza de delicadeza singular e com uma brilhante carreira guiada com determinação, María Valverde inicia uma nova etapa. Morando em Los Angeles – cidade para a qual se mudou com seu marido – e depois de um ano cheio de satisfação profissional e pessoal, a atriz confessa que ela tem um plano: fazer as coisas do seu jeito.
Aos 30 anos ela trabalhou em tantos filmes quanto sua idade indica, e isso deveria torna-la uma pessoa inquieta. Mas quando María Valverde (Madrid, 1987) abre a boca e os olhos para oferecer sua visão do mundo e o amor por sua profissão, a calma e serenidade congelam a cena. Ela faz isso com uma xícara de chá quente em um estúdio em Belleville, um bairro humilde e cheio de cultura no nordeste de Paris, depois de um sessão de fotos onde ela foi caracterizada com roupas elaboradas à base de penas, etéreas e delicadas como suas características.
“Eu acho incrível que hoje ainda há dias para sessões de fotos como essa. Cuidadosas, detalhadas e com vocação artística”, ela sussurra. Sua voz suave, a crina no cabelo e um nariz aquilino envolvem a personalidade desta mulher que começou a brilhar quando criança, em La Flaqueza del Bolchevique (Manuel Martín Cuenca, 2003), um papel que conquistou o Goya de Melhor Atriz Revelação daquele ano. “Então eu era uma adolescente que parecia mais velha e pensava que sabia tudo, mas na realidade eu era muito desajeitada e mais ingênua do que eu admitia”, ela confessa. Com a fama servida em bandeja (midiática), escolheu tomar as rédeas de sua carreira e uma vida com mudanças constantes que deram seus frutos em filmes como Plonger (2017), o segundo longa-metragem como diretora da francesa Melanie Laurent. “Ao fim, consegui dedicar-me ao cinema que me encanta, e não ao contrario”, explica. “Esse era o objetivo mais importante, e é um triunfo pessoal te-lo conseguido.”
“Eu lembro como se fosse ontem a primeira risada que surgiu no set”, lembra a diretora francesa Mélanie Laurent. Mais conhecida como atriz pelo blockbuster Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009), ela descobriu Valverde através de Melissa P. (2005), filme do italiano Luca Guadagnino inspirado em um romance autobiográfico sobre uma jovem siciliana com instintos de Lolita. “Eu me apaixonei pela complexidade com que nutre a personagem, no pleno despertar sexual, mas com grande maturidade. Naquele momento eu sabia que era uma estrela, por causa de seu magnetismo inexplicável”. Na história de Plonger (Sem distribuidora na Espanha), Maria é uma fotógrafa que se apaixona pelo personagem do ator Gilles Lellouche, se muda para Paris e acaba envolvida em um involuntário conflito de maternidade.
“Eu fiz o teste no verão de 2016, e não tive mais noticias. Em outubro, o produtor do filme, Cédric Klapisch, queria ter uma reunião comigo através do Skype, e pouco depois, me contaram que ele pediu para Mélanie rever as audições das atrizes estrangeiras. Ele me encontrou logo depois, no Hotel Costes em Paris, e conversamos sobre a personagem, nossos companheiros, e nossas próprias reflexões. Foi mais um encontro as cegas do que uma reunião profissional, acho que nos apaixonamos”, lembra emocionada.
Sua interlocutora, que também trabalhou com Valverde no filme “Galveston” – que estreia em outubro – lembra aquela tarde com o mesmo carinho. “Eu a vi como alguém que não tenta exagerar ou chamar atenção, apenas ser ela mesma. No set minha surpresa foi ainda maior. Ela não sabia falar francês, mas aprendeu por fonética em questão de dias. Não sabia nadar e aprendeu a mergulhar em horas. Maria trabalha incansavelmente, mas isso não impede que ela sempre esteja de bom humor, e é por isso que essa risada foi tão crucial. Foi um longo e difícil dia, a equipe estava cansada e as reservas estavam um pouco baixas. Mas sua risada, magnética e contagiosa, era como um sopro de ar fresco para que este projeto pudesse ser tão mágico.”
Interpretar uma mãe infeliz não é um desafio isolado na pista de obstáculos que Valverde atravessou antes da maioridade. Nestes 15 anos de carreira, ela encarnou mulheres tão complexas quanto a estudante universitária de “Madri, 1987″ (David Trueba, 2011) que se apaixonou por um escritor veterano na pele de José Sacristán; a Condessa Renatta de “Across the River and Into the Trees” (adaptação do romance de Ernest Hemingway); ou Zipporah, esposa de Moisés, na superprodução “Exodus: Gods and Kings”. “Uma trajetória da qual é impossível não ser fanático”, diz o diretor Fernando González Molina.
“Aconteceu poucas vezes comigo, pensar claramente em poucos minutos que um papel era para alguém. Tínhamos visto uma centena de atrizes para o personagem e, de repete, ela entrou com a cara lavada e um olhar poderoso. O contraste maravilhoso entre doçura e sofisticação, entre amadurecimento e frescor, foi propicio que Babi tenha feito através de Maria a viagem completa da inocência inicial ate o final da historia e em sua continuação, em ‘Tengo Ganas de Ti’ (2012). Isso, junto a sua química com Mario Casas, coprotagonista do filme, nos imergiu em uma viagem pessoal que guardarei, provavelmente, como a maior da minha carreira. Suponho que por isso o filme continue sendo uma referencia tantos anos depois: pela emoção honesta que encontramos nela.”
Outro fator para se orgulhar, um que sempre tem a acompanhando, é o esforço incansável pelo qual trabalhou em toda sua filmografia. “Maria vive sua profissão como um exercício de risco. Poderia ter ficado na Espanha e ter gravado outros vinte ‘Tres Metros Sobre el Cielo’ ou ‘Tenho Ganas de Ti’, e mesmo assim não teria arrependimentos”, diz Molina. Em vez disso, ela embarcou em 2014 em uma jornada profissional que a levou para viver no Azerbaidjão, Londres, Paris e Los Angeles, onde reside atualmente junto com seu marido, o diretor da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, Gustavo Dudamel. “Me mudei exclusivamente por amor, essa cidade não é tão fácil para mim. É um lugar muito passivo-agressivo, mais complexo do que Londres, onde vivi dois anos. Minha conclusão é que sua casa é você, coisa que eu esqueci muitas vezes e em um lugar como este, é conveniente ter esse pensamento em mente para não se sentir perdido. Mas eu sou teimosa e nunca desisto: vou me apaixonar por Los Angeles”. A obstinação é uma das suas características quase menos conhecida, responsável pela escolha de rejeitar um projeto quando soube da notícia que seu companheiro de atuação havia recebido um salário significativamente mais alto.
Como seus produtores argumentaram sobre a decisão?
Eles vieram dizer que eu não podia cobrar o mesmo salário do ator, apesar de que nós dois éramos protagonistas. Eu disse que perfeito, mas que não faria o papel.
Além de Mélanie Laurent, a grande maioria de seus projetos foram dirigidos por homens. Está faltando oportunidades para mulheres cineastas?
Absolutamente. As mulheres continuam a desempenhar um papel minoritário e as coisas vão mudando lentamente, mas estamos a poucos anos luz do que o gênero masculino conquistou. As mulheres tiveram que desempenhar um papel se passando por homens. Elas tiveram que tomar atitudes que se supunham ser masculinas. Mas estamos cansadas, e é maravilhoso ser participante e espectadora dessa nova era.
Por que você acha que o escândalo do caso Harvey Weinstein foi necessário para esse despertar coletivo?
Por medo. Eu acredito que uma mulher, quando tem que enfrentar uma experiência traumática desse tipo, sua primeira reação é não admitir isso. Ela a esconde e tenta mantê-la em uma gaveta de sua mente para que nada a invada.
Você se viu em alguma dessas situações?
Sim. Tive uma experiência muito ruim com um diretor, mas soube como lidar com a situação e consegui pará-la a tempo. Em qualquer caso, se o testemunho de mulheres que falara até agora, em qualquer lugar do mundo, ajudou para que outras fossem capazes de fazer o mesmo e a falar alto e claro o que aconteceu no passado, e tudo o que não estamos dispostas a admitir no futuro, já cobrimos uma parte muito importante do caminho. Infelizmente, a indústria cinematográfica é uma das mais sexistas e o poder exercido pelos homens sobre as mulheres é quase uma base sobre a qual toda sua história foi construída. Aplica-se em situações que vão desde o tapete vermelho, onde as legendas das fotos sobre o carisma e talento delas são substituídas por seus vestidos e saltos, assim como a diferença salarial com que me cruzei naquele caso. As mulheres tiveram que desempenhar um papel historicamente feminino, e quando levantaram a voz e adquiriram uma atitude que até agora era patrimônio dos homens, isso foi gerando uma visão depreciativa para algumas. Mas, felizmente, paramos de nos importar com isso.
Afinal, o que aconteceu com aquele filme?
Acabaram me oferecendo o mesmo salário. E aceitei.
Essa audácia, de acordo com as contas, funcionou. Como na tarde de março do ano passado, em que se casou com Dudamel, que a acompanha hoje na sessão de fotos. Ou como na noite de 31 de janeiro de 2004, quando assistiu aos Prêmios Goya com um vestido de limão amarelo de Elisa Bracci. “Não havia risco: María não havia pisado em um tapete vermelho e já era uma estrela. O vestido era, na verdade, dois: sobre a estrutura de tule, um tecido chiffon da mesma cor flutuava em torno de sua silhueta. Era como uma aura de luz sobre a sua própria,” lembra Bracci.
O número de apostas pessoais que ela fez desde então é diretamente proporcional ao volume de papéis que interpretou, mas agora seu plano é precisamente parar de fazer números. Em sua filmografia não podemos ver suas próximas atividades, tampouco projetos secretos do tipo que várias atrizes falam em entrevistas. Mas Valverde não parece intimidada pelo futuro, longe disso. “Eu sou muito exigente comigo mesma, então deixei de cronometrar minha carreira e planejar os próximos dias. Participei de cinema comercial independente, com muito dinheiro no meio ou praticamente sem cobrar… e sempre cheguei no mesmo ponto de partida. Quero que meu trabalho me enriqueça tanto quanto a minha vida pessoal, mas sei que nem sempre pode ser assim. Este ano, sem ir mais longe, aguento alguns projetos que acabaram não sendo feitos. Mas, no final das contas, quero ser honesto comigo mesma e canalizar minha carreira como o instinto me guia. Continuarei a me dedicar a isso, porque eu adoro, mas já não vale mais a pena. Agora eu quero me encontrar. Acabei de completar 30 anos e tudo o que sei é que eu abri uma folha em branco para começar tudo de novo. E esse é o único compromisso na minha agenda até novo aviso.”
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil e Laura C.
Prestes a se apresentar em Madrid, Gustavo Dudamel, marido de María Valverde, participou de uma coletiva de imprensa para falar sobre o concerto, e, como sempre, o maestro foi questionado sobre seu relacionamento com a atriz espanhola.
Dudamel foi muito atencioso em sua resposta, confiram abaixo:
Para muitos você é apenas ‘o marido da María Valverde’, isso te incomoda?
Como isso vai me incomodar? Por Deus, não! Estou muito apaixonado pela María. Nos conhecemos a um tempo, cerca de 6 anos desde que trabalhamos juntos, quer dizer, não trabalhamos juntos, fiz uma música para seu filme e nunca a conheci pessoalmente, isso aconteceu muito tempo depois. Estamos muito felizes, tenho muito orgulho dela, ela é uma grande artista e nos entendemos muito bem… adoro ela, eu a amo, o que mais posso dizer?
A María se da bem com música?
Ela adora música, amamos música. Ela me ensinou muito sobre isso. Há muitas coisas que eu não conhecia, além de Müller e Beethoven, eu realmente gosto de Pink Floyd, adoro Led Zeppelin, Bach Boys, Coldplay… ela também me mostrou muita música.
Por exemplo?
Há muita música acústica que eu não conhecia e agora eu escuto muito. Eu costumava ouvir muito Beethoven, Mozart e coisas desse tipo. Veja, eu sou muito ruim, confundo/misturo os nomes, mas são muitos.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Leia a breve entrevista de María Valverde para Vogue Paris:
Entre Madrid, Londres e Paris, a atriz espanhola nos dá seus endereços e revela seus segredos para passar um domingo perfeito.
Onde você costuma passar seus domingos?
Em lugar nenhum. Me escondo em um lugar secreto e desligo meu celular.
Resuma seus domingos em 3 palavras.
Perfeição, ar fresco e chocolate.
O que você faz no domingo que não faz no resto da semana?
Eu durmo tanto quanto possível e tomo café da manhã na cama. Às vezes volto a dormir: são as minhas coisas favoritas no mundo.
O final de semana ideal para você seria…
Estar no país com minha família e amigos. Descobrindo lugares que nunca vi antes.
Você tem um look especial para o domingo?
Sem maquiagem, sem roupas, nada.
Você tem uma rotina de exercícios especial para o domingo?
O mais preguiçoso possível. Preparo um almoço incrível e fico de pijama o dia todo assistindo filmes.
Como é sua manhã de domingo?
Ando. É como uma religião para mim. Eu acho que o domingo é o melhor dia para fazer isso. É tão lindo ver pessoas andando com suas famílias e curtindo a vida.
Quais contas no instagram te dão inspirações para os domingos?
Adoro essas contas: @analogfeatures e @vintageart_originals.
Qual é a sua receita favorita para fazer aos domingos?
Panquecas! 100g de farinha, 03 ovos, 250ml de leite, 01 colher de sopa de manteiga, 01 colher de chá de fermento, 01 colher de sopa de açúcar e uma pitada de sal. Misture todos os ingredientes em uma frigideira quente, adicione um pouco desta mistura, tente fazer mais panquecas o possível.
Me conte uma lembrança de infância que aconteceu em um domingo.
Eu sempre ficava na casa de campo com minha família brincando, cozinhando ou caminhando. Meu domingo perfeito até hoje.
Onde podemos nos encontrar no domingo?
Em Madri: no Museu do Prado, onde sempre posso descobrir alguma coisa.
Em Paris: caminhando pelo canal Saint-Martin.
Em Londres: no Mercado de Flores da Columbia Road.
Seus 3 lugares favoritos em Paris.
A padaria Chambelland, por seus pastéis sem glúten. O museu Rodin do qual sempre fui fã: adoro e nunca quero ir embora. Amo as galerias Vivienne e Colbert que sempre têm algo mágico.
Um lugar para sair com seus amigos aos domingos?
Se estiver em Madri, gosto de ir para La Latina beber vinho e comer tapas no sol.
Qual objeto te faz lembrar do domingo?
A primeira jaqueta de lã que minha avó fez para mim. Ainda tenho esse tesouro, como se ele me envolvesse.
Recomende um filme para assistirmos no próximo domingo.
Plonger de Melanie Laurent. Sem dúvidas, é um filme que vai tocar todo mundo.
Um ritual de domingo à noite?
Eu gosto de tomar um banho antes de ir para a cama, me massageando com creme. Ele me faz relaxar para começar uma semana nova tranquila.
Finalmente, o que podemos desejar para o próximo domingo?
Sol! Para me perder nas ruas de Paris…
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Para divulgar “La Carga”, María Valverde conversou com a revista Empire. Veja o scan e a tradução do bate-papo:
Como foi interpretar Elisa em La Carga?
Elisa é uma personagem muito complexa, mas foi algo incrível de criar. Juntamente com o diretor, Alan Jonsson, tivemos que trabalhar da tristeza total à raiva, do medo ao desespero. Era necessário garantir que a relação entre os dois personagens principais se consolidasse tanto que acabou se tornando uma irmandade. Foi muito importante o trabalho que Horacio (García Rojas) e eu fizemos para moldar esse relacionamento.
E falando sobre isso: o que é um “fardo” para você?
Algo pesado, tanto físico como psicológico, que você é forçado a fazer.
Quais são os principais “fardos”?
Eu sou celíaca (intolerante ao glúten) e, desde uma idade muito jovem, as pessoas têm dificuldade em entender o que isso significa. Já riram de mim por sua própria ignorância. Esse é o “fardo” que tenho levado desde minha infância.
Você tem um apelido?
Little bird (Pássaro pequeno).
Qual artista te inspirou para querer se tornar uma atriz?
Quando era criança vi a peça ‘Mujer con Espejo’ de Fernando Botero na Plaza Colón de Madri e decidi que queria fazer algo que o mundo apreciaria. Pouco a pouco descobri que queria ser uma atriz.
Você já fingiu que ganhou um prêmio por atuar? Você se viu fazendo um discurso na frente de muitas pessoas?
Nunca sonhei em ganhar um prêmio. Na verdade, na escola eu nunca ganhei nada porque sempre detestei competições (no entanto, em 2004 venceu o Prêmio Goya de Melhor Atriz Revelação por La flaqueza del bolchevique).
Qual filme você assistiu mais vezes?
Grease!
Que filme faz você chorar?
Quando era criança chorava assistindo ‘Em Busca do Vale Encantado’.
O que você faz melhor do que ninguém?
Mandar e limpar! Eu amo e relaxo. [Risos].
Quanto custa um litro de leite?
Um pouco mais de dois dólares. Eu não sei muito bem, na verdade… Ainda não me acostumei com o dólar.
Você já roubou alguma coisa?
Não, nunca. Bem… uhmm… uma vez peguei algo emprestado… e fui pega.
Quando criança, você queria ser como…
Minha avó.
Qual foi a sua queda mais catastrófica e vergonhosa?
No instituto, depois da aula. Rolei as escadas da minha escola e todos riram de mim… incluindo eu mesma.
Você poderia me dizer um cantor que é seu ‘prazer culposo’?
Freddie Mercury.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Demorou, mas conseguimos! Scans e matéria que foi publicada na revista Baku durante a divulgação de “Ali & Nino”.
Como você descreveria Nino?
O que mais gosto em Nino é que ela é uma mulher muito ativa; Ela não é passiva. É incrível ter isso em uma personagem. Muitas vezes, como uma mulher, eu prefiro papéis masculinos, mas neste caso, para mim, Nino é uma heroína.
Ela é uma pessoa que luta por direitos iguais?
Sim. Constantemente. Por isso a história se chama Ali e Nino. A história dos dois é muito poderosa, você consegue entender seu amor. E não apenas o amor, mas o porque eles têm que lutar para estar juntos e tudo relacionado a isso.
Sua personagem é uma Georgiana – você pesquisou muita coisa sobre o assunto?
Costumo colocar minha própria vida em meus personagens, por isso me ajudou muito ser da Europa e da Espanha; Estava tentando entender como Nino se sentiria em Baku. Estamos tentando fazer com que eles entendam que minha família, os Kipianis, estão em Baku por quatro anos. Somos da Europa, mas você tem que entender que as coisas mudam. É bonito ver como Nino ama Ali, sua cultura e seu ponto de vista.
Como foi trabalhar com Adam?
Muito bom. Eu me lembro da primeira vez que nos encontramos, em uma audição. Eu me lembro do jeito que ele estava me olhando – ele me ajudou tanto naquela audição. Foi muito gentil. Temos de ser um casal muito forte.
Tradução – Equipe Maria Valverde Brasil
Durante a entrevista María falou sobre seu rompimento com Mario Casas, Gustavo Dudamel, sua carreira e muito mais! Leia tudo traduzido:
Ninguém se livra da síndrome de recém-chegado a Los Angeles. María chegou em Julho.
Só agora está começando a se adaptar, pouco a pouco, à cidade onde qualquer ator gostaria de tentar a sorte. Ano que vem completará 30 anos, metade da vida no cinema. Com 16 ganhou um Goya por ‘La Flaqueza del Bolchevique’ e desde então não deixou de trabalhar. Sua vida deu um giro quando ‘Tres metros sobre el cielo’ (e sua sequência) a converteu em um ídolo adolescente. Ela e Mario Casas, seu companheiro de cena e, na época, seu namorado na vida real. Seu rompimento foi o alimento da imprensa sensacionalista. Talvez por isso, em 2014, colocou a terra no meio, se mudou para Londres e começou do zero. A partir dali foram meses sendo outra María Valverde.
Enquanto prepara seu próximo filme, a adaptação do livro de Ernest Hemingway ‘Across the River and Into the Trees’, que filmará em Veneza com Pierce Brosnan, Valverde nos recebe na casa que divide com seu novo companheiro, o diretor da Orquesta Dudamel. A atriz, de uma sinceridade esmagadora, se senta à mesa da cozinha disposta a falar de tudo.
XLSemanal: Como Los Angeles a recebeu?
MV: Estive aqui há dois anos e me senti mal porquê me senti muito sozinha. É uma cidade inóspita, muito grande, tem que usar o carro para tudo…
XLSemanal: Por que resolveu mudar-se para cá?
MV: Por razões pessoais… Mas não tenho planos a longo prazo. O trabalho de atriz é estranho. Muitas vezes decidem por você. Trabalho há 15 anos, mas nunca sei nesse sentido. Para todas as mulheres em certa idade está vazio.
XLSemanal: Mas você só tem 29 anos.
MV: Mas vou fazer 30 e já vejo o que vou ter que enfrentar.
XLSemanal: Em 2014 se mudou para Londres. O que buscava e o que encontrou?
MV: Me recuperar, poder andar, respirar… E me encontrei com a mulher que quero ser, uma mulher independente. Suponho também que é a idade. Tem gente que ri, mas a crise dos 30 anos existe e eu estou vivendo ela. Mesmo que eu acredite que vivo em uma crise contínua [risos].
XLSemanal: Em 2013, a entrevistamos junto com Mario Casas. Eram os ídolos adolescentes do momento e, também, um casal na vida real. Compreende a febre que seu rompimento desatou?
MV: Às vezes é complicado separar sua vida pessoal da profissional. Durante anos isso me preocupou muito, mas logo me dei conta que o importante é ser natural. Claro que é difícil que todo mundo esqueça o que aconteceu. E é doloroso que as pessoas te lembrem. Mas, apesar de tudo, sempre me senti muito respeitada.
XLSemanal: Seu novo companheiro é o diretor de orquestra e compositor Gustavo Dudamel. Te dava medo expôr sua relação depois daquilo?
MV: Eu não me importo! Me enche de orgulho estar com Gustavo e acompanhá-lo. Temos que fazer as coisas com os sentimentos e há momentos em que quero estar fechada, mas agora mesmo quero revelar tudo. E por que não? Com Mario era diferente. Eu era mais jovem, não tinha as ferramentas que tenho agora. As relações tem que ser vividas com naturalidade. Para o bem ou para o mal.
XLSemanal: Suponho que Gustavo tenha aberto as portas de um mundo novo para você.
MV: Gustavo abriu as portas da beleza para mim. E eu digo isso a ele. A princípio me sentia intimidada pelo mundo da música clássica que para mim era totalmente desconhecido. Fico encantada porquê sempre sinto fome de conhecimento. E agora o tenho em casa. É perfeito.
XLSemanal: Perdoe a grosseira, mas se nota que está feliz…
MV: Estou muito tranquila e um pouco esmagada pela beleza que chegou na minha vida com essa relação. Sobretudo porque quando não se espera algo, não sabe como controlá-lo. Sinto que tenho mais experiência, mas sobretudo que estou recuperando a ilusão que tinha perdido.
XLSemanal: Se definiu como uma yonqui (viciada) em emoções. Isso é uma vantagem para uma atriz?
MV: Em minha vida pessoal sou muito passional. E, às vezes, isso é ruim [risos]. Mas sim, me ajuda a atuar, mesmo que a idade te faça mais calculista, mais medrosa. É horrível porque perde sua essência. Mas sim, suponho que sou uma atriz porque gosto de ser uma yonqui emocional. Mas com saúde [risos].
XLSemanal: O que pensa agora da garota de 16 anos que fez ‘La Flaqueza del Bolchevique’?
MV: Parece que foi antes. Lembro com muito carinho. Não tinha medo de nada. Acredito que conservo essa valentia e me nego a perdê-la.
XLSemanal: Se daria algum conselho?
MV: No. Poderia ter feito melhor algumas coisas, mas não me arrependo de nada. Não se pode ser tão exigente consigo mesmo.
XLSemanal: Acredito que seus pais te deram essa lição marcando seu primeiro suspensa.
MV: Sempre fui muito perfeccionista, muito organizada. E meus pais quiseram me ensinar que ser perfeito não é bom, que não é ruim falhar de vez em quando.
XLSemanal: Naquela época você queria ser astronauta
MV: Eram coisas de criança. Meu pai sempre sonhou em ser piloto e eu… queria um foguete! Com 13 anos me presentearam com um capacete antes de ter uma moto e uma amiga começou a me chamar de María Valmarte [risos].
XLSemanal: Ninguém, nem seus pais nem sua agente queriam que fizesse Melissa P., um filme sobre o despertar sexual de uma adolescente. Desde aquela época era valente.
MV: Sim. Muita gente próxima se mostrou contra e demoraram anos para me perdoar. Mas acredito que as decisões tem que ser próprias, pode se equivocar ou não, mas tem que vivê-las. E eu queria viver aquela experiência, não importando o resultado.
XLSemanal: O que aprendeu?
MV: Que você tem que ser egoísta com o que quer e com o que sonha, e lutar por isso. Não importando o que os outros esperam de você.
XLSemanal: Fica nervosa quando fica um tempo sem trabalhar?
MV: Um pouco, mas é natural. Entre um filme e outro gosto de me informar, mas com coisas que não tem nada a ver com a interpretação. Quero saber o que sou capaz de fazer se ser atriz não tivesse funcionado.
XL Semanal: Como faz um impacto em Hollywood uma atriz espanhola?
MV: Não tenho nem ideia. Agora tenho um agente aqui, outro na Espanha e também outro na Inglaterra. Vou em alguns castings, mas não estou entrando de cabeça. Não sei como funciona. É tudo tão grande! Não sei o que vai acontecer com a minha carreira a partir de agora, mas gostaria de trabalhar na Europa e na Espanha.
XLSemanal: Dois anos atrás filmou Êxodo com Ridley Scott. Uma superprodução desse calibre não se parece em nada com filmar um espanhol, sim?
MV: São formas diferentes de trabalhar. Aqui não pode fazer algo que não corresponda a você. Na Espanha podem tanto ser ator quando ajudar a carregar cabos. Eu gosto de ajudar os técnicos. Aqui é impensável. Mas foi interessante me esgueirar por aqui. Te tratam como uma princesa, mas aproveitei pouco, não queria me acostumar. É muito difícil chegar e se posicionar.
XLSemanal: Penélope Cruz e Elena Anaya triunfaram aqui. Não confia em si mesma?
MV: É que não sei se gostaria de chegar ai. Ou se seria para o bem ou para o mal. Às vezes esse êxito não é a felicidade. Eu ainda estou descobrindo o que me faz feliz.
XLSemanal: A pedidos, com que diretor gostaria de trabalhar?
MV: Com Sofia Coppola. É meu sonho desde pequena. Me encanta seu cinema, me identifico muito com seu mundo feminino. Também gostaria de filmar com isabel Coixet e me traria muita felicidade reencontrar-me com Manuel Martín Cuenca. Mas, na verdade, gostaria de trabalhar com alguém que me desafie. Me deixe a par.
XLSemanal: Quando volta a Madri, dorme em seu quarto de adolescente?
MV: Sim e é uma sensação maravilhosa, porquê me mimam e me amam. Mas quando vou, meu coração aperta um pouco. Vê que seus pais estão mais velhos e você não é mais a mesma. Me dá um pouco de nostalgia de que essa fase não vai voltar.
Fonte | Tradução – Larissa F.
Enquanto divulgava Gernika, María Valverde gravou uma entrevista para o programa espanhol “Papel Pintado”, e segunda-feira passada (24) o bate-papo foi ao ar.
Infelizmente os vídeos estão bloqueados para quem não mora na Espanha, então transcrevemos tudo para vocês.
Qual personagem você se lembra com mais carinho?
O personagem que lembro com mais carinho é… Maria, de La flaqueza del bolchevique. Suponho que seja porque foi meu primeiro filme e por tudo que significou para mim.Onde guarda seus prêmios?
Estão guardados na casa dos meus pais. Quando ganho vou enviando para eles, mas no momento não tenho mais nenhum.Entre ter um Goya e um Oscar, qual você escolheria?
Um Goya, o que eu já tenho.Com quanto tempo de antecedência você costuma escolher o que usa no Goya?
Uma vez imaginei o que queria usar e desenhei com a minha amiga Cindy Figueroa.Você já ficou chateada durante uma entrevista?
Sim, já me chateei durante uma entrevista. Mas tentei levar a situação de maneira inteligente para onde eu queria.Você já teve uma experiência paranormal?
Paranormais? Como ovnis e afins… não. Mas coisas na ‘energia/ar’ sim, porém prefiro não comentar sobre.Uma mãe queria que eu tirasse foto com seu filho, novíssimo, e quando eu estava com ele posando para a foto, ela parou e me perguntou ‘então, quem é você?’.
Você consegue paquerar/namorar mais por ser famosa?
Não, é mais difícil. Primeiramente: não acreditam em você, segundamente: ninguém quer conversar com você pelo fato de você se impor.Qual foi a coisa mais desprezível que você já fez?
Não sei. Passo.Você tem medo do Ministério da Economia?
Tudo pelo justo e necessário. Sou apenas uma cidadã comum.Os famosos tem amigos verdadeiros?
Temos muitos amigos verdadeiros. Mas você tem que cuidar deles, e eles de você.Em quais matérias você era a melhor e a pior?
Plásticas, inglês, e quando era mais nova, matemática. Filosofia e educação física. Eu não gostava, não gostava que me obrigassem a correr.Já saiu na revista El Corazón?
Sim, já sai na revista El Corazón.Faz quanto tempo que você não vai para uma festa?
Nunca fui muito festeira quando era adolescente, mas às vezes saia. A ultima vez que sai para dançar foi há duas semanas.Tem medo de morrer sozinha?
Pior que morrer sozinha, é morrer sozinha e sofrendo.Do que você tem medo?
Tenho medo de escuro. Sempre tive medo, desde pequena, e continuo tendo. Mas é porque tenho muita imaginação e sempre invento histórias que podem acontecer no escuro.Em qual serie que você está viciada?
São poucas series que prendem meu interesse. A última que acompanhei foi Shameless, mas estou alguns meses sem assistir.Tem algum vício?
Vício, vício, vício… chocolate.Seu maior fracasso?
Meu maior fracasso tem um lado positivo e outro negativo. Não terminei o bacharelado, mas o lado positivo é que fui para a Itália gravar um filme e aprendi italiano.Uma coisa que você não gosta na sua personalidade?
Sou muito exigente, às vezes demais. Comigo mesma, o que é pior.Já te confundiram com outro famoso?
Sim, já fui confundida com outra famosa… mas se acreditam que você é essa pessoa e estão felizes, pra que desmentir?Qual foi o pior filme que você já fez?
Não posso dizer! Não posso dizer!Você mudaria alguma coisa sobre sua aparência?
As pernas, por exemplo. Gosto do meu nariz, do meu rosto… acredito que as pernas, mais nada.Qual foi a situação mais estranha que viveu durante gravações?
Ai, não sei.Acredita que o tempo coloca tudo em seu devido lugar?
Sim. É tudo uma questão de tempo. Tudo.Mande uma ‘saudação’ para alguém que você admira nesse país.
Um ‘olá’ para David Trueba. Te admiro muito, como amigo, diretor… te adoro.Você já traiu?
Sim, e já fui traída.Submissa ou dominatrix?
Meu Deus. Ambos.Batman ou Superman?
Prefiro o Iron Man.Cante alguma coisa.
Não, obrigada.E acabou. Ok, tchau!
O site ScifiWorld liberou uma entrevista com Maria durante o Sitges Film Festival, assista:
Em breve atualizaremos o post com a entrevista legendada!
O site Nació Digital entrevistou María durante o Festival de Sitges, onde ela falou sobre o filme The Limehouse Golem, suas participações no festival e sua carreira. Confira a tradução abaixo:
“Os festivais como Sitges são aqueles que realmente valem a pena”, confessa María Valverde no início desta conversa. Não é um elogio, ela sabe do que fala: ela foi capaz de ver em primeira mão quando veio apresentar “El rey de la montaña” em 2007, quando era apenas um dos rostos mais promissores do cinema espanhol. Nove anos mais tarde, María Valverde tem agora uma carreira de deixar tonto, que ela trouxe uma paixão para o palco e fala muito bem de suas habilidades e presença como uma atriz de estatura internacional. Serena, discreta e sensível conversa sobre seu último filme, The Limehouse Golem, o filme de encerramento da edição de 2016 de Sitges.
Como se tornou parte de The Limehouse Golem?
MV: Entrei através do Juan Carlos Medina, ele disse que me queria como alguma de suas personagens femininas. Me enviou o script, e amei o que li, do começo ao fim. Eu gostaria de lê-lo como uma criança e tentar descobrir quem era o Golem! Depois que li, conversei várias vezes com ele e o produtor, e no final eles contaram comigo. Me ofereceram esse papel diretamente, a de Aveline.
Um caminho direto para o filme sem testes…
MV: Sim, diretamente. Quando você é um ator, você nunca sabe como ou quando eles farão as coisas. Neste caso, no entanto, correu bem, sem testes. Eu acho que pesou sobre todo o trabalho que tinha feito anteriormente, o fato de que não é um teste.
Como foi a experiência de trabalhar com Juan Carlos Medina?
MV: Tivemos muitas conversas antes. Eu estava um pouco nervosa sobre a personagem, nunca tinha feito nada assim e eu estava com medo de não estar a altura.
Depois de trabalhar com Ridley Scott, ter um Goya e aparecido em mais de trinta filmes, alguns deles de muito sucesso, ainda sente medo?
MV: Sim, atuar é um medo, uma espécie de medo do palco. Mas Juan Carlos foi muito claro e nós imediatamente começamos a procurar maneiras de lidar bem com o personagem. Uma vez dentro do projeto, com o treinamento que eu tinha que fazer no trapézio, e depois de duros dias de testes, eu estava feliz, apreciando. Eu dou cem por cento. Ter um bom produtor por trás, que está sempre exigindo o melhor de você, é também uma garantia para fluir bem.
No filme interpreta uma personagem complexa e ambivalente.
MV: Sim, eu tive que trabalhar com todas aquelas coisas que não são ditas, mas são muito importantes.
Juan Carlos Medina marcou muito em cima para um nível de interpretação ou ele é daqueles diretores que deixam você livre?
MV: Marcou muito, e eu acho que neste caso, isso é muito bom, porque a personagem já estava muito bem escrita. Isso me ajudou muito a me encontrar como atriz em seu personagem. Juan Carlos era muito requintado com a aparência e gestos. Me lembro da primeira cena que filmamos, onde fizemos muitos planos, não paramos.
Christopher Walken, disse nesta sexta-feira que inicialmente era muito mais intervencionista e tentava entender os personagens completamente. No entanto, ao longo do tempo disse que não faz mais isso. Como você encara um personagem? Você gosta de absorver tudo o que rodeia o personagem ou prefere fluir livremente?
MV: Eu gosto de saber exatamente onde estou: estudar bem o ambiente e os personagens, qual é realmente o ponto, temporal e geográfica, etc. Isso me ajuda na precisão do personagem. Eu gosto desse modelo de gestão. No caso de concreto, Juan Carlos Medina era muito exigente, e isso é muito importante neste tipo de filme, nem tudo vai, tudo deve ter um porquê. Ao mesmo tempo, eu me deixo levar pelo o que estou vivendo, não fico planejando. Eu não quero me decepcionar, eu gosto do processo.
Recentemente, temos visto alguns filmes históricos, como Gernika. Como a construir um personagem com precisão, você lê muito sobre a época?
MV: Acho que nunca é suficiente. Sempre é preciso mais, investigar muito. É tudo questão sobre o que você quer saber, mas neste caso é verdade que Londres vitoriana era muito atraente para estudar. Adicionado a isso, no meu caso, foi muito importante e necessário para descobrir exatamente como as mulheres eram.
Antes, Juan Carlos Medina citou La flaqueza del Bolchevique, o que mudou desde então como atriz?
MV: Eu não sei se algo mudou… Sim, eu posso dizer que algo foi criado. Em La flaqueza del Bolchevique, Manuel Martín Cuenca me deu forma, foi um mestre. E toda a minha carreira eu tenho tido muitos professores. Na verdade, eu me sinto mais insegura agora do que quando eu comecei, talvez porque eu tenha a responsabilidade de fazer um bom trabalho. Mas eu me sinto muito privilegiada de ter criado a minha carreira. Eu também tenho a sorte de ter tido pessoas que confiaram em mim para fazer coisas diferentes, como Juan Carlos, que me fez ser uma femme fatale.
JCD: Eu amo a personagem! Tanto em Exodus como em Cracks, Maria faz tão diferentes, que os personagens têm sua própria vida muito interessante.
MV: É muito importante que você seja honesto consigo mesmo e se doe quando for dar vida para um personagem.
O que significou para você, Juan Carlos, ser o diretor do filme de encerramento do Festival de Sitges 2016?
MV: Um privilégio. Meu primeiro filme foi mostrado aqui em 2012, e antes disso tinha sido anos e anos a chegar ao festival para ver filmes ou colegas fazendo o tipo de filme que me excita. Aqui é um programa muito ambicioso, cinema de gênero e cinéfilo, grande cinema asiático, etc. Posso dizer que Sitges é uma espécie de casa para mim.
Fonte | Tradução – Priscila B.
Durante o encerramento do Sitges Film Festival, María concedeu uma entrevista ao site La Nueva España sobre The Limehouse Golem. Confira a tradução abaixo:
Londres do final do século XIX é o tema de “The Limehouse Golem”, um thriller vitoriano em que ressoa um eco de “Jack, o Estripador”, e ontem encerrou o Festival de Cine Fantástico de Sitges, com María Valverde no papel da invejosa rival da protagonista.
A atriz María Valverde, que se tornou popular com “Tres Metros Sobre El Cielo”, “Sempre trabalhou bem”, disse o diretor do filme, Juan Carlos Medina, que escolheu ela porque “queria vê-la ir para o lado negro.” A escuridão que reina nas ruas de Londres no filme de Medina, que desenha uma cidade “com um ponto infernal e apocalíptica”, inspirado pelo olhar de William Blake ou John Martin, disse. Lá vive a personagem principal, interpretada por Olivia Cooke, uma jovem que cresceu nestas ruas miseráveis e tem vindo a tornar-se uma atriz de comédia conhecida, atuando em um teatro em uma zona perigosa de Limehouse. Nesta área de Londres há um assassino cruel, e um detetive veterano, interpretado por Bill Nighy, que está tentando descobrir sua identidade.
“Eu interpreto a antagonista da protagonista, aparentemente oposta a ela, mas na realidade tem desejos semelhantes”, diz María Valverde. Sua personagem é uma “femme fatale”, ciumenta e vingativa, com um mal que tem sido “libertador”, ela disse, porque queria mudar sair da zona de conforto.
Fonte | Tradução – Priscila B.
María concedeu uma entrevista para o El Pais durante o Sitges Film Festival, leiam o bate-papo completo traduzido:
“Claro que trabalharia mais no cinema espanhol se me chamassem. Mas…” Nos últimos dois anos, María Valverde (Madrid, 1987) se lançou em filmagem atrás de filmagem: fez oito filmes, porém só dois espanhóis. A atriz se mudou para Los Angeles e constantemente cruza o Atlântico. “Na verdade passo pouco tempo ali, porquê vivo mais nas filmagens. Estou feliz, me dou bem.” A entrevista aconteceu em Madri, a horas de sua viagem para Sitges onde vai apresentar o filme de encerramento, The Limehouse Golem, baseada no best seller de Peter Ackroyd, romancista especializado em Londres, e que aqui trata da época vitoriana, com uma cidade pestilenta e cheia de lama, uma selva perfeita para Jack o estripador realizar seus crimes. Ou talvez o criminoso seja o golem, o mítico monstro da mitologia judaica. Ou alguém tão de carne e osso como uma jovem atriz. Assim são as distintas possibilidades que encontra um detetive veterano – a quem Bill Nighy dá vida, que substituiu o falecido Alan Rickman que estava doente na época – como possíveis culpados dos homicídios que ocorreram no distrito de Limehouse em 1880.
Valverde encarna uma acrobata, mestra do trapézio, uma femme fatale do livro. Não é o único nome espanhol na equipe, já que quem dirige o thriller é Juan Carlos Medina, que fez o soberbo Insensibles. “Tive a sorte de que me ofereceram filmes tão distintos quanto a personagens e épocas nos últimos anos. Me motivam muito essas mudanças. Desde já seguirei por este caminho. Sempre tenho a sensação de que há algo mais que tenho que buscar. Estou com fome de conhecimento.” Porém The Limehouse Golem trouxe uma ilusão especial: “Não tive que fazer teste para a personagem, me ofereceram o papel diretamente, graças ao pedido de Juan Carlos, que deu um tiro no escuro conhecendo-me apenas pelos meus trabalhos. E é minha primeira femme fatale. É tão má e perversa… com os anos as pessoas te classificam, o que não te deixa espaço para pode arriscar. Não tem a oportunidade. E aqui me deram, me deixaram sair da minha zona de conforto.”
A atriz confessa que ainda não viu o filme, que está cheia de vontade, que lembra com carinho o caminho da filmagem, com um treinador para corrigir o inglês, ensaios do trapézio, “as cores da personagem, que tinham que matizar para não passar”. E os adicionais: o figurino de época, os cenários… “além de ter sido uma sorte para mim que o papel foi secundário, por que a pressão para o trabalho era menor, e eu pude aproveitar mais. Lembro os dias de entretenimento no trapézios, com as mãos ensanguentadas, os modelos, e as flores que colocavam em mim… Foi um jogo”.
Em The Limehouse Golem, Medina usou muito o poder visual da época vitoriana. “Por isso é muito atrativo ao olho do espectador. Aqueles anos devem ter sido um pesadelo para os seres humanos. Eu me embebi na filmagem, entendi como foram uma terapia os ciúmes e soltei no personagem. Não havia nada claro como construir um papel assim. Falei muito com Juan Carlos, transmiti as minhas preocupações, me deixei levar e me sai bem”. Valverde agradece a Medina toda a ajuda. “Quando chegou a oferta, vi Insensibles e fiquei muito impressionada. The Limehouse Golem pode ser um filme adaptado, mas um bom diretor torna seu esses filmes, e Medina assim o fez”. Ao final, não há algo que une seus papeis em The Limehouse Golem e seu primeiro filme, La flaqueza del bolchevique, mulheres que manipulam e são manipuladas? “Eu ponho algo de mim em todos os personagens, não sei fazer de outra maneira”.
Fonte | Tradução – Larissa F.