Na última terça-feira, 28, María Valverde e Álex Gonzalez participaram do talk-show El Hormiguero. Confiram vídeos e fotos da entrevista:
Ao descer do carro no Plaza de Cánovas del Castillo, próximo à fachada do hotel Palace, María Valverde é um zumbi com uma distinta capa de chuva bege. Ela está em Madrid há menos de 24 horas desde que pousou em um voo direto de Los Angeles, sua casa por cinco anos. Esta manhã, em sua casa em Carabanchel, mal teve tempo de terminar um café e algumas torradas com azeite, quando começou sua caminhada conosco ainda sentia a ressaca do jetlag entre os dois continentes aos quais agora pertence: Europa e América, especialmente a América Latina, porque, além de a Califórnia já ser muito hispânica, sua vida esteve muito ligada à América Latina por meio de projetos profissionais, das amizades e do casamento com um venezuelano Gustavo Dudamel.
Ao caminhar e posar para as primeiras fotos, María Valverde Rodríguez (Madrid, 34 anos) está cruzando o limiar da jetlag e fluindo melhor. Além da capa de chuva, ela usa uma blusa preta, calça jeans e mocassim. No auge do Museu do Prado, o fotógrafo pede que ela olhe as pinturas em uma barraca de rua. Ela diz que está envergonhada, mas olha. Ela perambula entre as telas sem costura do gerente do posto, Agustín Migueli, originário de uma cidade argentina chamada Azul. “São pinturas a óleo originais de gravuras espanholas do pintor impressionista Pedro Fraile”, relata o argentino. Observamos Valverde. Sua maquiadora, Paula Soroa, analisa: “Ela é uma beleza clássica por excelência, como de outra época. Sempre me lembrou da beleza das esculturas”. Elas trabalham juntas e são amigas desde que a atriz fez seu primeiro filme, La flaqueza del Bolchevique. Ela tinha 15 anos de idade. Sua interpretação natural e a poética singular de seu rosto surpreenderam e ela ganhou um Goya. Valverde se afasta do estande de pintura a óleo. “Eu gostaria de tocá-los”, diz ela. E ela se imagina podendo acariciar as obras do Prado. E pensa: “Seria o maior luxo possível”. Ela é apaixonado por arte, sua materialidade. A última vez que esteve na Espanha, em junho, participou de uma atividade no museu, na sala Las Meninas. Ele recitou o poema Noche transfigurada sob o olhar de Velázquez.
A caminhada continua e leva à Reina Sofia, um de seus lugares favoritos. O resto de nós espera do lado de fora. O escritor, duas pessoas que trabalham com ela e duas outras pessoas da Netflix. A plataforma estreia seus dois novos filmes como protagonista: no dia 29 de setembro, Fuimos Canciones, comédia produzida na Espanha e dirigida por Juana Macías, e Distancia de Rescate, drama de suspense de Claudia Llosa gravado no Chile. No primeiro, que visa o público do arco milenar, ela interpreta Maca, uma estilista sujeita aos caprichos de uma influenciadora tão tola a ponto de dizer coisas como “faça como quiser, mas melhore esse cronograma”. No segundo ela é Amanda, uma mulher que chega com a filha a uma casa de campo e se vê presa em um pesadelo entre o real e o irreal. Valverde é solvente na comédia e sutil na intriga, com o preciso ponto de profundidade e contenção que ativa o contraste magnético que se estabelece entre seu personagem e o da argentina Dolores Fonzi, Carola, fera telúrica.
Tomamos um café enquanto as fotos são tiradas no Reina. Conversamos sobre como a estética do século 21 tem voltado à moda. A ascensão do botox até entre os jovens, os filtros nas redes sociais… Ao mesmo tempo, penso em como se pode definir a beleza de Valverde. Não consigo encontrar, embora palavras como naturalidade, limpeza, autenticidade, classicismo se repitam. Manuel Martín Cuenca, que a dirigiu em La flaqueza del bolschevique, me disse alguns dias depois: “Tem algo primário. Seu perfil, seu nariz, suas feições não são perfeitos, e essa imperfeição torna o conjunto ainda mais bonito. Ele sempre me lembrou a Monica Vitti”. A beleza de Valverde é, talvez, o oposto de um filtro.
Ao sair do museu, a atriz começa a falar sobre algo do qual não se lembra de um detalhe e lamenta:
“Eu sou meio Dory, esqueço dos nomes.”
“Quem é Dory?”
“Nemo, você não viu Procurando Nemo!” – se surpreende. E acrescenta com simpatia: “Ei, sou a primeira que não viu muitas coisas.”
Por volta das três da tarde estamos no restaurante El Buey, especializado em carnes. Na entrada há uma cabeça de touro empalhada. Nas paredes das instalações há desenhos de cenas de lutas. Valverde sugeriu este site porque ele é celíaco e eles se preocupam com o problema do glúten. “Mas, para que conste: sou contra as touradas”, avisa.
Eles nos servem carne grelhada, salada, batata frita. Ela: “As batatas fritas me fascinam. Eu poderia comer apenas batatas fritas.” Estamos falando sobre sua vizinhança, Carabanchel. “Para mim é tudo. Minhas raízes, minha família”. Um artista de sucesso poderia ter escolhido uma vizinhança definida pelo adjetivo exclusivo assustador. Ela preferiu comprar uma casa própria, perto da casa onde cresceu e onde vivem seus pais. Ela era uma criança feliz ali, segundo seu relato, embora ainda houvesse aqueles tempos terríveis de heroína em que as mães contavam aos filhos quando saíam para tomar cuidado para não pisar em uma seringa. Seu único avô vivo, Benito Valverde, também ainda está em Carabanchel. Ele nasceu em uma velha casa cujo baixo agora é um kebab. Quando vai visitá-lo em sua residência, Benito faz questão de apresentá-la às enfermeiras: “Olha, olha. Essa é minha neta”.
Alguns dias depois conversei por vídeo chamada com seus pais, Gloria Rodríguez e Ricardo Valverde. Eles vão me dizer que María Valverde Rodríguez era uma menina feliz. Filha única, foi criada para ser aberta e generosa. Assim foi, dizem eles. “Trouxe tantos amigos que dizíamos que nossa casa era o refeitório”, lembra ele. Gloria acabou de se aposentar. Ela era uma enfermeira da escola. O marido dela se aposentou há um ano. Teve empregos administrativos – em uma empresa de navegação, em uma agência de publicidade, na Coca-Cola, em uma agência – e também foi, durante três anos, aquecedor. A felicidade infantil da filha, explicam, foi contribuída pelas férias no campo em Alcarria, onde sua mãe nasceu. Lá ela passou o verão com os primos e a avó, que preparou enormes quantidades de pudim de arroz para eles e os colocou ao lado dela com suas tigelas para assistirem juntos aos filmes de Sarita Montiel.
“O que está tatuado no seu braço?” Eu pergunto à atriz, que desfruta de sua comida lentamente.
“Diz ‘minha garota, meu paraíso’, que é como minha avó Glória sempre me chamava.”
Poucos meses depois de vencer o Goya, ela se tornou independente. Ela tinha 17 anos. Ela foi morar com um namorado. “Era muito cedo. Eu diria à minha garota do passado para se dar um pouco mais de tempo para fazer tudo o que ela fazia quando era tão jovem”, ela reflete. Ricardo e Glória acham que foi uma decisão da qual ela aprendeu e característica de uma alma aventureira. “Um dia, quando ela tinha três ou quatro anos, ela veio até nós à meia-noite e disse que estava indo para a Austrália”, disse seu pai. “Dissemos a ela que era uma ideia muito boa. Colocamos algumas roupas em uma mala rosa de boneca e abrimos a porta para ela sair. Ela saiu convencida. Nós olhamos pelo olho mágico e um minuto depois ela apareceu. Quando abrimos, ela disse: “Vou embora amanhã, amanhã à noite.”
Aos 10 anos, ela começou a insistir que queria ser atriz. “Fiquei entusiasmado com os filmes e os pôsteres na Gran Vía”, diz Valverde. Nessa idade, viu a escultura Mujer con espejo de Botero no Plaza de Colón e sentiu “que um artista poderia fazer algo que permanece no tempo, de alguma forma tornar-se imortal”.
“Um pouco prematuro, não é?”
“Sim, mas eu senti isso. Acho que desde então tive um desejo de ser uma atriz.”
Ela implorou à mãe que a levasse às agências. Ela foi matriculada em algumas delas. A esperança de Gloria era que ela acabasse se esquecendo disso. Além do fato de que os dois trabalhavam e seria uma bagunça andar com ela de teste em teste, isso parecia “surreal” para uma garota de sua idade. Se uma mensagem da agência chegasse à secretária eletrônica, eles a apagavam. Um dia, uma delas escapou. Sua filha a ouviu. Seria a sua primeira aparição na televisão, à frente do programa Qué apostamos.
“Não cheguei aqui por causa da magia do destino”, enfatiza Valverde. Ela tinha o talento. Também determinação.
Sua primeira professora de teatro foi Ana Crecente. Foi uma atividade depois da escola. “Se destacou muito. Ela foi muito espontânea e ousou fazer qualquer coisa”, conta por telefone. Ela se lembra de um monólogo que fez como madrasta de Branca de Neve. E como ela ficou desapontado quando foi escalada para um papel coadjuvante em Grease. “Costumava dar-lhe papéis principais, mas fiz-lhe compreender que deviam ser partilhados com todos”, relembra Crecente. Quando a professora mudou de escola, ela disse a Gloria que sua filha tinha habilidades: “Recomendei que você a levasse para uma academia de teatro.”
“Graças a ela, continuei atuando e acabei no casting de La flaqueza del bolschevique”, conta a atriz. Desde então, ela desenvolveu uma carreira sólida, versátil e rápida. Em 18 anos, ele participou de 37 filmes. Em 2014 atingiu o ponto de saturação profissional e pessoal e foi para Londres, onde passou mais de um ano sozinha, libertada. “Eu tinha entrado em um buraco, e isso me permitiu me reconstruir, reposicionar minhas prioridades”, explica. Seu processo continuou em Los Angeles: “Lá eu encontrei tempo para ver as coisas de outra perspectiva, com menos fardos e mais facilmente para me conhecer.” Quais são as coisas mais importantes da sua vida hoje? “O tempo é a coisa mais importante que temos. Para desfrutar de seus entes queridos, sua família, seu trabalho, introspecção; aproveitar as experiências”.
Depois de terminar de gravar Distancia de Rescate, baseado no romance de Samanta Schweblin e rodado em 2019, Valverde tirou mais de um ano de folga. “A distância foi uma experiência profunda, uma filmagem intensa. Foi um desafio que vivi como algo muito pessoal e foi difícil para mim voltar a trabalhar depois da personagem da Amanda”, conta. Fuimos Canciones, um filme leve e luminoso, apesar das dores geracionais tão presentes na sua história, permitiu-lhe retomar o caminho com suavidade e coerência interna, como diz: “Li a personagem de Maca e senti-me identificada com o seu medo de dizer as coisas, de não encontrar o seu espaço, de estar sempre disponível mas não feliz, de não estabelecer limites. Acho que representa uma geração prejudicada pelo que aconteceu, como a crise de 2008, e portanto indecisa e temerosa”.
No futuro, você quer dar rédea solta à sua curiosidade – ela costuma repetir essa palavra; também o verbo tentar – e apostar em seus próprios projetos com pessoas próximas. Ela tem algo acontecendo, relacionado ao cinema, que ainda não pode comentar. E o seu sonho – “a minha fantasia”, diz ela – seria ter um estúdio “onde pudesse criar e investigar pintura e escultura”. “O que mais me deixa feliz é ter as mãos cheias de cola ou tinta. Essa é a minha paixão, a verdade”.
— E o que o impede de ter estúdio e criar?
Eu mesma. Eu me paro. É um sonho, mas no final das contas cada um estabelece seus próprios limites, certo?
Uma nova casa, Paris, junta-se à sua vida este ano. Seu parceiro ingressou como diretor musical da Ópera da capital francesa, continuando a dirigir a Filarmônica de Los Angeles. “Gustavo é a minha casa”, diz ela, “uma casa nômade. Por isso vamos caminhar entre Paris, Los Angeles, Carabanchel e, claro, La Alcarria”.
Essa garota vai para a Austrália qualquer dia.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Durante sua passagem pela Espanha para promover “Araña”, María Valverde concedeu uma entrevista ao canal Casa de América. Assista o bate-papo completo abaixo:
No final do mês de outubro, María Valverde e o diretor de “Araña”, Andrés Wood, concederam uma entrevista ao site The Wrap para falar sobre o filme. Leia a matéria, o vídeo e fotos inéditas:
No dia em que o diretor chileno Andrés Wood foi aos Estados Unidos para promover seu filme “Araña”, que é a submissão do Oscar (do Chile) este ano, seu país explodiu em protestos em meio a um período maciço e violento de revolta política.
O que começou como raiva por causa do aumento no preço da passagem do metrô foi apenas o ponto de ruptura da frustração da população chilena com seu governo por causa da desigualdade econômica. As pessoas ficaram nas ruas por dias, um estado de emergência nacional foi declarado e os manifestantes acusaram os militares de usar força excessiva.
Tudo isso reflete o tempo turbulento retratado no filme de Wood, “Araña”, que se passa tanto nos dias modernos quanto no início dos anos 70, pouco antes do presidente marxista Salvador Allende ser deposto em um golpe e substituído pelo ditador Augusto Pinochet. Assistindo e discutindo o filme como parte dos Prêmios TheWrap e Foreign Screening Series na noite de quarta-feira, Wood disse que ficou chocado com o fato de o filme se tornar surpreendentemente mais relevante e por que ele dá esperança a mudanças no Chile.
“Acredito que amanhã voltarei para outro país”, disse Wood ao The Wrap no Landmark Theatres em Los Angeles. “De certa forma, estou muito orgulhoso que as pessoas tenham reagido a isso. A questão é: como direcionaremos toda essa energia será um enorme desafio. Mas tenho muita esperança, apesar de o caminho para um novo equilíbrio, não sabemos exatamente como será.”
“Araña” é um thriller e triângulo amoroso que segue três ativistas fascistas que trabalham dentro de um grupo de oposição e cometem um crime político com o objetivo de derrubar o presidente Allende. Mas ele também avança para ver onde essas pessoas estão hoje, usando sua história de amor para conduzir o drama ao longo das décadas. Um dos fascistas ainda está escondido e lidera uma cruzada anti-imigrante, enquanto os outros são membros ricos da classe de elite do Chile que se beneficiaram do regime de Pinochet, mesmo quando os outros foram oprimidos.
Wood disse que a raiz da ideia do filme veio de se perguntar onde essas pessoas estariam e o que está acontecendo hoje no Chile. O filme começou a se desenvolver bem antes do Brexit, antes de Trump e antes do atual conflito político do Chile, Wood assistiu ao filme mudar em resposta.
“Há um grupo de chilenos que faz o que pode para manter o poder ou controlar”, disse Wood. “O filme estava ficando cada vez mais relevante no presente, e isso é algo que sempre pensamos. Estamos escrevendo e as coisas estão mudando muito rápido. ”
O que é intrigante sobre “Araña”, no entanto, é como ele encontra profundidade e complexidade em pessoas perigosas e improváveis, fascistas que estavam dispostos a assassinar e manipular sua busca pelo poder.
María Valverde interpreta Inés quando jovem nos anos 70, enquanto a atriz argentina Mercedes Morán interpreta Inés quando adulta. Como Valverde é espanhola e não chilena, ela teve que pesquisar a história do país para entender os impulsos e o ponto de vista de sua personagem, mesmo enquanto lutava para se alinhar à política de sua personagem.
“Isso me deixou tão nervosa porque estava lendo uma história que não quero ver. Não quero ver essa realidade e ver esse tipo de violência e radicalismo”, afirmou Valverde. “Para um ator, você não pode julgar seus personagens, não importa quão bons ou ruins eles sejam. Eu acho que ela é uma mulher muito poderosa. Ela sabe exatamente o que quer, não importa o quê. Eu tive que trabalhar esse lado e, porque é tão diferente de quem eu sou e como eu quero as coisas na minha vida, foi difícil. ”
Araña estreou no Chile no início deste ano e depois tocou no TIFF. Embora os críticos tenham elogiado o filme, Wood disse estar preocupado com o público que se preocupa com a simpatia de pessoas e ideologias perigosas. Wood, no entanto, achou necessário entender aqueles com quem ele poderia discordar para preencher a lacuna polarizada que existe hoje no país.
“Tenho um sentimento ambíguo sobre amor, ódio e raiva”, disse Wood. “Eu queria colocar isso em um filme, pessoas que você odeia, mas ao mesmo tempo elas têm um relacionamento amoroso.”
“É tudo sobre amor, embora falemos de medo e ódio”, disse Valverde.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Durante sua breve passagem pelo Chile para promover seu novo projeto, “Araña”, María Valverde concedeu uma entrevista ao site DNA, onde lembrou do lançamento de “Tres Metros Sobre El Cielo” – que só foi exibir o mesmo 2 anos após sua estréia na Espanha. Ouçam a conversa e confiram a tradução completa abaixo:
“Araña”, o novo filme do diretor Andrés Wood, tem entre seus protagonistas a atriz espanhola María Valverde. Com uma extensa carreira cinematográfica, “Tres metros sobre el cielo” provavelmente é o que teve maior popularidade no público chileno, principalmente entre os adolescentes.
Em conversa com o DNA, a atriz que deu vida a Babi lembrou o filme que ele estrelou com Mario Casas. “Sei que muitas pessoas queriam esse filme, e, embora vocês tenham tido a chance de assisti-lo dois anos depois, acho que valeu a pena. Estou muito feliz por poder trabalhar em seu país. Me apaixonei completamente e realmente quero voltar”, disse ele.
A atriz participou de filmes históricos como “Los Borgia” e “Exodus: Gods and Kings”, que foi dirigido por Ridley Scott. Agora, em sua estréia no Chile, ela se muda para uma história ambientada na Unidade Popular e como parte da Frente Nacionalista pela Pátria e Liberdade.
“É uma história comovente. Especialmente por causa da paixão que eles têm entre eles, que então, no presente, são obrigados a enfrentar todos seus medos. Afinal, é também é uma história de paixão, de amor”, disse ela.
María interpreta Inés com a argentina Mercedes Morán, que a interpreta na era atual. “Sou fã da Mercedes e a verdade é que é uma honra ser o passado dela. Assistindo ao filme, você entende muito a personagem e assusta como podemos nos identificar com a mesma”, completou ela.
As filmagens de Araña envolveram a atriz aprender a falar com o sotaque chileno e passar dois meses no país. “Adorava Santiago, mas amei Pucón. Acho que Pucón e o sul me conquistaram”, confessou.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Durante sua passagem pelo San Sebastian International Film Festival, María Valverde concedeu uma entrevista ao site El Nacional, onde falou sobre os próximos passos de sua carreira. Leia o bate-papo completo traduzido na integra:
María Valverde tem apenas 32 anos, mas tem uma longa carreira como atriz – um trabalho que começou aos 16 anos. Atualmente ela está em um período de auto-exigência, está procurando experimentar e trabalhar com pessoas que ama e admira, como o marido, o Maestro venezuelano Gustavo Dudamel.
“Eu gostaria de experimentar, não fiz nada além de começar. Cheguei no cinema muito jovem e segui uma onda”, disse Valverde no Festival de San Sebastian, onde ela apresentou o filme Araña, do chileno Andrés Wood.
Valverde reconhece que nem sempre é fácil para um artista controlar sua carreira, mas é exatamente o que ela quer fazer agora.
“Quero fazer projetos que nasceram para mim. Afinal, o objetivo de todos é trabalhar com pessoas que você ama e admira. Eu acho que esse é o maior luxo que se pode ter”, afirmou a atriz.
Uma das coisas que ela esclareceu é que ela gostaria de colaborar em projetos artísticos com o marido. Valverde fez com Dudamel uma versão de “Sueño de una noche de verano” de Mendelssohn, na qual recitava trechos do trabalho de Shakespeare.
A atriz procura por projetos que a fazem pensar. “Sou uma espectadora exigente e quero o melhor, quero aprender. Não quero ficar na primeira camada, quero procurar projetos e pessoas para me conectar, não apenas para trabalhar”, acrescentou.
Araña é um filme no qual é acompanhada pela atriz argentina Mercedes Morán, com a qual viajou para o Chile na época de Salvador Allende. “Você não pode dizer não a um bom roteiro e a uma boa equipe”, disse a atriz.
Ela também se orgulha de outro projeto, concluído recentemente, um filme da peruana Claudia Llosa que adapta o romance Distancia de rescate, de Samanta Schweblin.
“A maneira de escrever de Schweblin é brilhante, de outro mundo. Estou procurando esse tipo de complexidade nos projetos”, acrescentou a atriz, que estrelou o filme La flaqueza del bolchevique (2003).
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Mais fotos e vídeos dos bastidores da produção de “Araña”, mais recente projeto de María Valverde, foram divulgados. Confira tudo abaixo:
María Valverde y Mercedes Morán, ambas actrices extranjeras, tuvieron un arduo trabajo vocal para lograr el acento chileno. Revisa parte de su entrenamiento en este detrás de escena.#Araña llega a los cines mañana jueves 15 de agosto. pic.twitter.com/ndiHZubflB
— 20th CenturyFox Chile (@CineFoxChile) August 14, 2019
Estávamos no aguardo! Após meses sem fazer qualquer tipo de ensaio fotográfico, para nossa felicidade, imagens inéditas de María Valverde foram liberadas pela revista YA – onde a atriz será a capa da segunda semana do mês de agosto. Os scans da revista já estão disponíveis em nossa galeria (e em breve essa postagem será atualizada com a entrevista completa traduzida):
Além do ensaio e entrevista, María gravou um vídeo exclusivo para a Vogue revelando algumas coisas que são necessárias para se tornar uma atriz. Assista o vídeo legendado:
María Valverde é um dos destaques da edição de fevereiro da conceituada revista Vogue. Além do ensaio exclusivo, a atriz concedeu uma entrevista MARAVILHOSA, onde falou sobre assédio, diferença de salário e muito mais. Leia tudo abaixo:
Talento precoce, beleza de delicadeza singular e com uma brilhante carreira guiada com determinação, María Valverde inicia uma nova etapa. Morando em Los Angeles – cidade para a qual se mudou com seu marido – e depois de um ano cheio de satisfação profissional e pessoal, a atriz confessa que ela tem um plano: fazer as coisas do seu jeito.
Aos 30 anos ela trabalhou em tantos filmes quanto sua idade indica, e isso deveria torna-la uma pessoa inquieta. Mas quando María Valverde (Madrid, 1987) abre a boca e os olhos para oferecer sua visão do mundo e o amor por sua profissão, a calma e serenidade congelam a cena. Ela faz isso com uma xícara de chá quente em um estúdio em Belleville, um bairro humilde e cheio de cultura no nordeste de Paris, depois de um sessão de fotos onde ela foi caracterizada com roupas elaboradas à base de penas, etéreas e delicadas como suas características.
“Eu acho incrível que hoje ainda há dias para sessões de fotos como essa. Cuidadosas, detalhadas e com vocação artística”, ela sussurra. Sua voz suave, a crina no cabelo e um nariz aquilino envolvem a personalidade desta mulher que começou a brilhar quando criança, em La Flaqueza del Bolchevique (Manuel Martín Cuenca, 2003), um papel que conquistou o Goya de Melhor Atriz Revelação daquele ano. “Então eu era uma adolescente que parecia mais velha e pensava que sabia tudo, mas na realidade eu era muito desajeitada e mais ingênua do que eu admitia”, ela confessa. Com a fama servida em bandeja (midiática), escolheu tomar as rédeas de sua carreira e uma vida com mudanças constantes que deram seus frutos em filmes como Plonger (2017), o segundo longa-metragem como diretora da francesa Melanie Laurent. “Ao fim, consegui dedicar-me ao cinema que me encanta, e não ao contrario”, explica. “Esse era o objetivo mais importante, e é um triunfo pessoal te-lo conseguido.”
“Eu lembro como se fosse ontem a primeira risada que surgiu no set”, lembra a diretora francesa Mélanie Laurent. Mais conhecida como atriz pelo blockbuster Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009), ela descobriu Valverde através de Melissa P. (2005), filme do italiano Luca Guadagnino inspirado em um romance autobiográfico sobre uma jovem siciliana com instintos de Lolita. “Eu me apaixonei pela complexidade com que nutre a personagem, no pleno despertar sexual, mas com grande maturidade. Naquele momento eu sabia que era uma estrela, por causa de seu magnetismo inexplicável”. Na história de Plonger (Sem distribuidora na Espanha), Maria é uma fotógrafa que se apaixona pelo personagem do ator Gilles Lellouche, se muda para Paris e acaba envolvida em um involuntário conflito de maternidade.
“Eu fiz o teste no verão de 2016, e não tive mais noticias. Em outubro, o produtor do filme, Cédric Klapisch, queria ter uma reunião comigo através do Skype, e pouco depois, me contaram que ele pediu para Mélanie rever as audições das atrizes estrangeiras. Ele me encontrou logo depois, no Hotel Costes em Paris, e conversamos sobre a personagem, nossos companheiros, e nossas próprias reflexões. Foi mais um encontro as cegas do que uma reunião profissional, acho que nos apaixonamos”, lembra emocionada.
Sua interlocutora, que também trabalhou com Valverde no filme “Galveston” – que estreia em outubro – lembra aquela tarde com o mesmo carinho. “Eu a vi como alguém que não tenta exagerar ou chamar atenção, apenas ser ela mesma. No set minha surpresa foi ainda maior. Ela não sabia falar francês, mas aprendeu por fonética em questão de dias. Não sabia nadar e aprendeu a mergulhar em horas. Maria trabalha incansavelmente, mas isso não impede que ela sempre esteja de bom humor, e é por isso que essa risada foi tão crucial. Foi um longo e difícil dia, a equipe estava cansada e as reservas estavam um pouco baixas. Mas sua risada, magnética e contagiosa, era como um sopro de ar fresco para que este projeto pudesse ser tão mágico.”
Interpretar uma mãe infeliz não é um desafio isolado na pista de obstáculos que Valverde atravessou antes da maioridade. Nestes 15 anos de carreira, ela encarnou mulheres tão complexas quanto a estudante universitária de “Madri, 1987″ (David Trueba, 2011) que se apaixonou por um escritor veterano na pele de José Sacristán; a Condessa Renatta de “Across the River and Into the Trees” (adaptação do romance de Ernest Hemingway); ou Zipporah, esposa de Moisés, na superprodução “Exodus: Gods and Kings”. “Uma trajetória da qual é impossível não ser fanático”, diz o diretor Fernando González Molina.
“Aconteceu poucas vezes comigo, pensar claramente em poucos minutos que um papel era para alguém. Tínhamos visto uma centena de atrizes para o personagem e, de repete, ela entrou com a cara lavada e um olhar poderoso. O contraste maravilhoso entre doçura e sofisticação, entre amadurecimento e frescor, foi propicio que Babi tenha feito através de Maria a viagem completa da inocência inicial ate o final da historia e em sua continuação, em ‘Tengo Ganas de Ti’ (2012). Isso, junto a sua química com Mario Casas, coprotagonista do filme, nos imergiu em uma viagem pessoal que guardarei, provavelmente, como a maior da minha carreira. Suponho que por isso o filme continue sendo uma referencia tantos anos depois: pela emoção honesta que encontramos nela.”
Outro fator para se orgulhar, um que sempre tem a acompanhando, é o esforço incansável pelo qual trabalhou em toda sua filmografia. “Maria vive sua profissão como um exercício de risco. Poderia ter ficado na Espanha e ter gravado outros vinte ‘Tres Metros Sobre el Cielo’ ou ‘Tenho Ganas de Ti’, e mesmo assim não teria arrependimentos”, diz Molina. Em vez disso, ela embarcou em 2014 em uma jornada profissional que a levou para viver no Azerbaidjão, Londres, Paris e Los Angeles, onde reside atualmente junto com seu marido, o diretor da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, Gustavo Dudamel. “Me mudei exclusivamente por amor, essa cidade não é tão fácil para mim. É um lugar muito passivo-agressivo, mais complexo do que Londres, onde vivi dois anos. Minha conclusão é que sua casa é você, coisa que eu esqueci muitas vezes e em um lugar como este, é conveniente ter esse pensamento em mente para não se sentir perdido. Mas eu sou teimosa e nunca desisto: vou me apaixonar por Los Angeles”. A obstinação é uma das suas características quase menos conhecida, responsável pela escolha de rejeitar um projeto quando soube da notícia que seu companheiro de atuação havia recebido um salário significativamente mais alto.
Como seus produtores argumentaram sobre a decisão?
Eles vieram dizer que eu não podia cobrar o mesmo salário do ator, apesar de que nós dois éramos protagonistas. Eu disse que perfeito, mas que não faria o papel.
Além de Mélanie Laurent, a grande maioria de seus projetos foram dirigidos por homens. Está faltando oportunidades para mulheres cineastas?
Absolutamente. As mulheres continuam a desempenhar um papel minoritário e as coisas vão mudando lentamente, mas estamos a poucos anos luz do que o gênero masculino conquistou. As mulheres tiveram que desempenhar um papel se passando por homens. Elas tiveram que tomar atitudes que se supunham ser masculinas. Mas estamos cansadas, e é maravilhoso ser participante e espectadora dessa nova era.
Por que você acha que o escândalo do caso Harvey Weinstein foi necessário para esse despertar coletivo?
Por medo. Eu acredito que uma mulher, quando tem que enfrentar uma experiência traumática desse tipo, sua primeira reação é não admitir isso. Ela a esconde e tenta mantê-la em uma gaveta de sua mente para que nada a invada.
Você se viu em alguma dessas situações?
Sim. Tive uma experiência muito ruim com um diretor, mas soube como lidar com a situação e consegui pará-la a tempo. Em qualquer caso, se o testemunho de mulheres que falara até agora, em qualquer lugar do mundo, ajudou para que outras fossem capazes de fazer o mesmo e a falar alto e claro o que aconteceu no passado, e tudo o que não estamos dispostas a admitir no futuro, já cobrimos uma parte muito importante do caminho. Infelizmente, a indústria cinematográfica é uma das mais sexistas e o poder exercido pelos homens sobre as mulheres é quase uma base sobre a qual toda sua história foi construída. Aplica-se em situações que vão desde o tapete vermelho, onde as legendas das fotos sobre o carisma e talento delas são substituídas por seus vestidos e saltos, assim como a diferença salarial com que me cruzei naquele caso. As mulheres tiveram que desempenhar um papel historicamente feminino, e quando levantaram a voz e adquiriram uma atitude que até agora era patrimônio dos homens, isso foi gerando uma visão depreciativa para algumas. Mas, felizmente, paramos de nos importar com isso.
Afinal, o que aconteceu com aquele filme?
Acabaram me oferecendo o mesmo salário. E aceitei.
Essa audácia, de acordo com as contas, funcionou. Como na tarde de março do ano passado, em que se casou com Dudamel, que a acompanha hoje na sessão de fotos. Ou como na noite de 31 de janeiro de 2004, quando assistiu aos Prêmios Goya com um vestido de limão amarelo de Elisa Bracci. “Não havia risco: María não havia pisado em um tapete vermelho e já era uma estrela. O vestido era, na verdade, dois: sobre a estrutura de tule, um tecido chiffon da mesma cor flutuava em torno de sua silhueta. Era como uma aura de luz sobre a sua própria,” lembra Bracci.
O número de apostas pessoais que ela fez desde então é diretamente proporcional ao volume de papéis que interpretou, mas agora seu plano é precisamente parar de fazer números. Em sua filmografia não podemos ver suas próximas atividades, tampouco projetos secretos do tipo que várias atrizes falam em entrevistas. Mas Valverde não parece intimidada pelo futuro, longe disso. “Eu sou muito exigente comigo mesma, então deixei de cronometrar minha carreira e planejar os próximos dias. Participei de cinema comercial independente, com muito dinheiro no meio ou praticamente sem cobrar… e sempre cheguei no mesmo ponto de partida. Quero que meu trabalho me enriqueça tanto quanto a minha vida pessoal, mas sei que nem sempre pode ser assim. Este ano, sem ir mais longe, aguento alguns projetos que acabaram não sendo feitos. Mas, no final das contas, quero ser honesto comigo mesma e canalizar minha carreira como o instinto me guia. Continuarei a me dedicar a isso, porque eu adoro, mas já não vale mais a pena. Agora eu quero me encontrar. Acabei de completar 30 anos e tudo o que sei é que eu abri uma folha em branco para começar tudo de novo. E esse é o único compromisso na minha agenda até novo aviso.”
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil e Laura C.
Dando continuidade à divulgação de Plonger, María Valverde concedeu uma entrevista ao site Liberation. Leia:
A doce e sonhadora atriz espanhola interpreta uma fotógrafa mãe passando por dúvidas no último filme de Mélanie Laurent, Plonger.
Se Paris é uma festa, como diz a propaganda, a capital ainda pode ser um diferencial onde a alma é sem limites, dá para se pensar ao ver a morena dos sonhos María Valverde, com um chapéu na cabeça, andando pelo Champ-de-Mars.
A atriz está na França para a promoção de Plonger, o novo filme de Mélanie Laurent, adaptado do livro de Christophe Ono-dit-Biot, no qual ela interpreta uma fotógrafa com incertezas, sonhando com mais aventuras e conflitos do que ser mãe de um bebê. E, ao contrário dos maus hábitos das estrelas internacionais, que engolem entrevistas como se fossem Apéricubes, imediatamente digeridas, logo esquecidas, a espanhola toma tempo para responder nossas perguntas em um café chique do 7º arrondissement. Além disso, ela ficará aqui pelo menos até o fim de dezembro. Seu marido, Gustavo Dudamel, um famoso maestro venezuelano da Orquestra Filarmônica de Los Angeles liderará a Bohème na Ópera de Paris. Ela aproveitará a oportunidade para caminhar, ver o Sena fluir sob a ponte Mirabeau ou passar dias tranquilos em Clinchy. Ele tem 36 anos, ela 30, eles estão juntos desde fevereiro, ela diz imediatamente, com voz suave e olhos brilhando. “Eu nunca quis realmente me casar. Não acreditava que devemos provar nosso amor assim, mas ele mudou todas as minhas crenças.”
María Valverde teve tudo muito rápido, talvez até um pouco cedo demais. Com a idade de 16 anos, em 2003, uma madrilena, de uma família comum, um pai desempregado aos 50 anos e incapaz de encontrar emprego, uma enfermeira mãe, estrelou La Flaqueza del Bolchevique de Manuel Martín Cuenca. Ela ganhou um Goya de Melhor Atriz Revelação, equivalente ao César para os nossos vizinhos hispânicos. Ela é uma celebridade, as capas de revistas e filmes que estão ligados, mais ou menos bons, em casa e no exterior, a Hollywood, com Exodus… de Ridley Scott, em 2014. Ela diz, em frente a um copo de água: “Comecei minha carreira pelo telhado e agora estou tentando construir as paredes”. Este ano, a construção foi francesa, aparecendo em “Ce qui nos lie”, de Cédric Klapisch, antes de “Plonger”, e então terá outro filme com Mélanie Laurent, Galveston, filmado em inglês nos Estados Unidos.
“Preciso de papéis em que falamos sobre mulheres reais, que estão sofrendo, que desejam ser bem-sucedidas e livres”, entusiasma-se a atriz. “Paz é uma mulher de ruptura, está perdida, não sabe onde ela está. Ela é todas as mulheres: todas nós estivemos lá”.
“Tive uma chance louca de encontrar em María”, escreveu Mélanie Laurent por correio. “Ela é maravilhosa: ela não apenas tem uma beleza irresistível, ela é acima de tudo sensível, inteligente e profundamente amável. Foi um sonho trabalhar com ela”. A atriz não fala francês: ela aprendeu seu papel na fonética. No filme, ela é apaixonante e encantadora e pontua suas frases com um sotaque ibérico encantador.
Na alegre atmosfera do café, onde ninguém parece precisar voltar ao trabalho, María Valverde sabe que já viveu uma vida, não gostaria de mudar nada no passado, mas gostaria de encontrar uma forma de liberdade. A católica não praticante diz que pinta muito, fala sobre as emoções que sente em frente às obras de Botero ou em face das obras-primas da Uffizi em Florença. Borboletas na barriga e na vertigem, como qualquer boa heroína romântica, à beira do desmaio, uma síndrome de Stendhal perfeita. A atriz gostaria de fazer escultura, estudar as artes, lamenta não ter ido para a universidade, depois de parar o ensino médio para um filme na Itália. “Minha vida pessoal é mais importante do que o meu trabalho”, ela explica, com um olhar separado que vemos com mais frequência em pessoas com mais idade, os cabelos brancos mais próximos, do que em uma garota com flores. Ou é como esta geração “Y” que declara alto e claro não ter nascido para sofrer. “Eu estava assistindo o outro dia um documentário, Jim & Andy, sobre Jim Carrey. Ele dá tudo, ele é seu personagem o tempo todo. Há atores como esse, é por isso que eles são incríveis. Não sei se quero ser assim. Talvez seja um erro, talvez não seja bem sucedida por causa disso”. Ela disse sorrindo, sem arrependimento, e não vemos a falsa modéstia: na verdade, paz. A perfeição não é para ela: não importa.
Desde que ela se mudou para Los Angeles, o sonho americano não a encanta. Valverde lamenta a simplicidade da Europa, onde você não precisa se planejar com antecedência, onde você pode se perder caminhando e usando o transporte público. A assumidamente feminista se refere para esta vida de encenação onde, diante de um ponto de vista, as pessoas preferem tirar uma selfie ao invés de admirar a beleza do lugar. Ah, claro, com mais de 700 mil seguidores no Instagram, a atriz entende o jogo de mídia social. “Eu realmente não gosto disso, mas eu vejo isso como um instrumento de trabalho. É importante estar conectado com meus fãs”, ela quase se desculpa.
A espanhola insiste em sua responsabilidade quando fala, prefere ser ponderada. Quanto a Weinstein e #Metoo, ela não disse nada. “Estou com elas”, ela repete três vezes. “Eu sofri uma ou duas vezes no trabalho, mas nunca experimentei agressão física”. E, explica: “Na Espanha, tivemos um grande problema. Estupro coletivo em Pamplona contra uma menina de 18 anos. Mas não irei publicar uma mensagem no Instagram, não mudaria nada. Eu prefiro ir com os outros para protestar nas ruas”.
Politicamente, os últimos meses parecem um barco bêbado com transtornos e desesperançado. Aquela que prefere Barcelona ao Real Madrid (“muito arrogante”) está triste, inevitavelmente, pela situação na Catalunha: “Estou completamente perdida. Eu tenho muitos amigos lá, eles estão meio e meio. Não sei onde está a verdade”, ela espera “que a Espanha permaneça unificada, mas não acho que seja realmente possível”. Entre Trump e Venezuela, o país de Gustavo Dudamel, a situação não é melhor. Seu marido, há muito tempo Chavista, agora critica Maduro, a ponto de o presidente cancelar este verão a turnê americana da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar que ele dirige. Ela procura suas palavras, realmente não as encontra: “Está em toda parte. Existe um enorme problema de comunicação, e os políticos não querem vê-lo”.
Esta é a boêmia, María Valverde, que caminha no frio e no cinza de novembro: ela gostaria de viver feliz, com amor e água fresca, em um sótão do Quartier Latin, mas o mundo sempre a alcança.
Fonte | Tradução – Larissa F.