Começando a divulgação de “Plonger” na França, María Valverde esteve no programa “Tous Cinéma” para falar sobre o filme. Assista (16:15):
– Desculpe.
– A verdade é que tem sido um processo mágico falar em um idioma que eu não sabia, que sempre me encantou porque parece a língua do amor…
Foi muito difícil falar em francês, inglês e espanhol em sequência. Realmente não sei como fiz isso, para ser sincera. Mas acredito que me deram todas ferramentas para criar uma personagem cheia de dor, amor, luz e paixão.
Já tinha lido o livro?
– Não. Mas por Melanie eu li e entendi a mudança que ela quis fazer ao fortalecer Paz e o personagem de Gilles.
Sobre Paz Aguilera:
– Paz é uma mulher que está perdida, que tem essa necessidade de aproveitar a vida porque se sente vazia. Um filho e marido não é o suficiente para ela. Não por ela, mas pela maneira que esta se sentindo naquele momento, e é uma longa jornada.
Como seres humanos, muitas vezes pensamos que tudo que precisamos não nos deixará totalmente contentes e tentamos encontrar a felicidade em outras coisas. Uma artista, fotografa, mãe ou uma mulher… ela precisa sentir que tudo que esta vivendo tem um sentido. Precisa encontrar esse sentido.
O que é mais importante para ela:
– Para mim o mais importante é a beleza. Seja na arte, no amor, em qualquer coisa… Como ser humano, eu busco a beleza. Às vezes encontro na arte, outras não, mas quando encontro, quero conquistar isso.
Sobre Mélanie Laurent:
– Paz é importante para ambas… Juntas criamos este ser que nos representa.
– Melanie é uma inspiração para mim, é muito importante ter sua amizade. Ela é uma diretora muito boa. Com ela me senti livre, e Gilles foi uma combinação perfeita.
Melanie significa muito, mais que uma diretora, é uma amiga e um exemplo de mulher.
Gostaria de fazer outro filme francês?
– Adoraria. Amo a frança e o cinema francês, é um cinema que me inspirou. E adoraria estar à altura para poder fazer outro filme em francês.
Ambiance au 🔝 dès la bande-annonce dans Tous Cinéma 🔥
au programme :
– La Villa de Robert Guédiguian, avec JP Darroussin & Ariane Ascaride
– C'est tout pour moi avec François Berléand
– Plonger avec @mariavalverde➡ RDV 20H sur #PREMIER ou en replay > https://t.co/Wnj5ryEFd5 pic.twitter.com/qefuCMkOjh
— CINE+ (@mycineplus) November 24, 2017
Para divulgar “La Carga”, María Valverde conversou com a revista Empire. Veja o scan e a tradução do bate-papo:
Como foi interpretar Elisa em La Carga?
Elisa é uma personagem muito complexa, mas foi algo incrível de criar. Juntamente com o diretor, Alan Jonsson, tivemos que trabalhar da tristeza total à raiva, do medo ao desespero. Era necessário garantir que a relação entre os dois personagens principais se consolidasse tanto que acabou se tornando uma irmandade. Foi muito importante o trabalho que Horacio (García Rojas) e eu fizemos para moldar esse relacionamento.
E falando sobre isso: o que é um “fardo” para você?
Algo pesado, tanto físico como psicológico, que você é forçado a fazer.
Quais são os principais “fardos”?
Eu sou celíaca (intolerante ao glúten) e, desde uma idade muito jovem, as pessoas têm dificuldade em entender o que isso significa. Já riram de mim por sua própria ignorância. Esse é o “fardo” que tenho levado desde minha infância.
Você tem um apelido?
Little bird (Pássaro pequeno).
Qual artista te inspirou para querer se tornar uma atriz?
Quando era criança vi a peça ‘Mujer con Espejo’ de Fernando Botero na Plaza Colón de Madri e decidi que queria fazer algo que o mundo apreciaria. Pouco a pouco descobri que queria ser uma atriz.
Você já fingiu que ganhou um prêmio por atuar? Você se viu fazendo um discurso na frente de muitas pessoas?
Nunca sonhei em ganhar um prêmio. Na verdade, na escola eu nunca ganhei nada porque sempre detestei competições (no entanto, em 2004 venceu o Prêmio Goya de Melhor Atriz Revelação por La flaqueza del bolchevique).
Qual filme você assistiu mais vezes?
Grease!
Que filme faz você chorar?
Quando era criança chorava assistindo ‘Em Busca do Vale Encantado’.
O que você faz melhor do que ninguém?
Mandar e limpar! Eu amo e relaxo. [Risos].
Quanto custa um litro de leite?
Um pouco mais de dois dólares. Eu não sei muito bem, na verdade… Ainda não me acostumei com o dólar.
Você já roubou alguma coisa?
Não, nunca. Bem… uhmm… uma vez peguei algo emprestado… e fui pega.
Quando criança, você queria ser como…
Minha avó.
Qual foi a sua queda mais catastrófica e vergonhosa?
No instituto, depois da aula. Rolei as escadas da minha escola e todos riram de mim… incluindo eu mesma.
Você poderia me dizer um cantor que é seu ‘prazer culposo’?
Freddie Mercury.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
María Valverde concedeu uma breve entrevista para a revista Yo Dona, onde falou sobre sua nova vida em Los Angeles. Leia e confira os scans abaixo:
María Valverde (Madrid, 1987) mora há alguns meses em Los Angeles, mas não apenas para perseguir seu sonho de Hollywood. A mudança ocorreu graças ao amor. Ali vive com seu marido, o diretor da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, Gustavo Dudamel, um venezuelano extrovertido e apaixonado que inspirou a série de televisão Mozart in the Jungle, e foi o maestro mais jovem (35 anos) a dirigir o Concerto de Ano Novo de Viena.
Apesar dos contatos da pequena prodígio com diretores de moda, Valverde continua livre e está voltando para o cinema europeu. Conseguiu seu primeiro papel de protagonista em um filme francês, Plonger, da atriz e diretora Mélanie Laurent. E em 27 de outubro estréia Nuestra Vida En La Borgona (Ce qui nous lie), de Cédric Klapisch, onde interpreta um pequeno papel em um drama familiar que faz reflexão sobre a fraternidade, cultura do vinho e nostalgias. A madrilena sabe tudo sobre melancolia.
Em 2014 se mudou para Londres, uma cidade que, afirma, lhe deu liberdade e mudou sua vida. Agora se obriga a voltar a cada três meses a Espanha para visitar seus familiares. “É uma regra que eu impus porque sou muito familiar. Eles são o que eu mais preciso”, confessa.
Já começou a ir para audições em Hollywood?
Estou levando isso com calma. Quero seguir construindo minha carreira sob uma base muito forte e no meu ritmo. Depois, se terei que trabalhar, eu vou atrás. Los Angeles não é uma cidade muito fácil. Nela, você tem que criar sua comunidade e isso leva um tempo.
O resultado é animador?
Sou bastante inconformista e eu gosto de viver bem, e na Espanha eu tenho muitas facilidades: ali estão minha família e amigos, meu idioma…. Quando me mudei para Londres, precisei reduzir minha vida a uma maleta e pensar em mim. Me ajudou muito. Em Los Angeles estou fazendo praticamente o mesmo, mas é diferente porque agora eu tenho meu esposo.
Onde começou essa necessidade de mudança?
De alguma maneira é meio que uma crise existencial. Crescer da medo. Ninguém te ensina a fazer. Quando estamos sozinhos lembramos que devemos aproveitar as pessoas que temos ao redor, no final, quando tomamos as decisões, todos se transformam em um só.
Esta crise tem a ver com você tornando-se trintona esse ano?
Creio que isso acontece em todas as idades. O mesmo com homens e mulheres, cada um chama de uma maneira. Às vezes isso fica ridículo, mas é real e temos que ser honestos com os momentos vitais. Tudo é tão fácil agora, mas sempre queremos mais, devemos nos perguntar até que ponto, encontrar um balanceamento e viver o agora. Parece besteira, mas é a verdade.
Como é sua vida em Los Angeles?
Tenho a sensação de que vou me apaixonar pela cidade. Alejandro Ináreitu, de quem somos muitos amigos, nos disse que viver ali [LA] é como estar em um spa. E é verdade, porque no final das contas nós precisamos trabalhar fora. O que eu gosto dessa cidade é que é fácil ter uma casa com seu próprio jardinzinho . É também estar rodeada de muitas outras coisas.
Como quais?
A natureza é incrível… Eu gosto de Big Sur, mesmo que agora não podemos visitar. Houve uma avalanche e a montanha se desprendeu. Eu vou a Santa Bárbara e até parece a Espanha, com os carvalhos, vinhos e as construções. Eu viviria em São Francisco e sou muito fã de Carmel, o deserto de Joshua tree, que é mágico, e de Palm Springs, que é como uma viagem para o passado, aos anos 50.
E pontos negativos?
É uma cidade passiva-agressiva, porque parece que está acontecendo nada, mas está acontecendo tudo. E não tem como dar uma volta sem ter que pegar o carro. É mais meditado.
Você sente falta do metrô?
Você entendeu errado, pois sou carne do metrô (como se não vivesse sem). Também gosto de andar. Às vezes eu deixo o carro a algumas quadras do meu destino e vou caminhando. Eu me obrigo a deixar a situação difícil. Mas eu sempre acho que vou gostar muito.
Qual é a palavra em inglês que você mais odeia porque é difícil de pronunciar?
São muitas. Mas tem algo que eu detesto: estar tentando falar em inglês com todo o esforço e te soltam: ‘Tranquila, eu falo espanhol pior’. E eu pergunto: ‘Você sabe espanhol?’ e te respondem que não. Me sinto insultada. É seu humor, mas me ofende. Tem muitas palavras que são difíceis para mim, mas às vezes eu as invento. Invento algumas palavras em castelhano. Hoje em dia estou me esforçando tanto no inglês que às vezes eu não encontro as palavras em espanhol.
O que é mais difícil, falar em inglês ou em francês em filme com espanhol com sotaque?
No fim tudo é um pouco parecido, porque é tudo muito musical. Mas eu gosto muito de francês, mas quando trabalhei em La Mula (Michael Radford, 2013) foi muito difícil conseguir sotaques corretos. Mas é divertido.
Seu esposo é venezuelano, assim imagino que não tens que falar em inglês entre vocês dois.
Não, mas às vezes soa natural. O filho dele é bilingue, de modo que em algumas ocasiões nós mesclamos e falamos em inglês.
Que tipo de música é tocada em sua casa?
Clássica. Todo momento. A verdade é que eu tenho a melhor pessoa para me explicar. Posso ficar cansada, mas é lindo porque é emocionante aprender o que estou ouvindo. Estou conhecendo um monte de coisas.
Algum conselho?
Escute Mozart. É espetacular. Mas também gosto da Novena de Beethoven. Vou descobrindo consitas, pianistas. Antes de conhecer Gustavo eu gostava muito de Ludovico Einaudi, que é bastante contemporâneo e suponho que também é muito cinematográfico. Mas sempre gostei mais de música independente. No início, eu também ensinei ele. Estamos descobrindo grupos pops e indies, coisas que jamais havíamos escutado. Eu o abro um outro mundo e ele abre um novo para mim.
De qual maneira essa relação é diferente?
No passado eu ouvia de mim mesma querer o melhor esposo. E isso foi de maneira inconsciente, porque ninguém me pedia nada. A mulher era apenas cuidar e ajudar. E não. Um tem que pensar em si mesmo para que o parceiro brilhe e demonstre o melhor que há entre os dois.
Como você se recupera das gravações?
Quando eu era mais jovenzinha eu passava mal. No início, no meu primeiro filme, La Flaqueza del Bolchvique (Manuel Martín Cuenca, 2003), fiquei muito triste, porque eu achava que meus companheiros eram meus amigos, minha família. Mas não. Alguns permaneceram, mas algumas relações se disciparam. São vidas pequenas, um nasce e o outro morre. É muito bonito.
E sobre sua relação com sua casa natal, agora o tempo é mais curto?
Estou buscando o ponto de união para eu não perder minha família. Mas agora, com a mudança de horário, é complicado, porque quando estou acordando eles estão no final do dia e se encontram cansados, de modo de que se conectar enérgicamente é complicado. Além do mais, eu sou muito solar e acordo hiperativa.
Alicia Vikander me contou que ela combina com seus pais para jantarem por Skype.
Que ideia boa! Eu tive café da manhã com a minha mãe enquanto ela tomava café da tarde. Ter Facetime e Skype ajuda muito as coisas. Lembro quando nós precisávamos ligar a cotar porque não tínhamos dinheiro. Como tudo mudou!
Fonte | Tradução – Yasmim
Em Toronto, onde estreou seu último filme, ‘Plonger’, a atriz espanhola María Valverde reconheceu para a Efe que sua personagem, Paz, tem muito dela é que se encontra em um período de “reinvenção”, tentando descobre o que quer como mulher e como profissional.
Em ‘Plonger’, que esta dirigida pela realizadora e atriz francesa Mélanie Laurent e estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), Valverde dá vida a Paz, uma fotógrafa que busca aventura enquanto seu companheiro, César (Gilles Lellouche), também fotojornalista, quer uma vida mais tranquila.
Em declarações à Efe, Valverde revelou que Paz é a personagem mais pessoal que nunca interpretou e “a melhor, sem dúvida”.
“O que gosto mais é que é um filme feminista, que fala do direito que Paz tem de encontrar-se. Porque chegou um momento em que não aguenta mais. Não é feliz. E precisa encontrar-se sobretudo para dar o melhor a sua família, ao marido que ama, e ao bebê que quer. Não é um filme fácil”, afirmou.
Valverde explicou que o filme é “extremista” se “o público quer pensar”. “Às vezes alguém tem medo de crescer e fazer certas perguntas, que a sociedade não te deixa fazer porque estão mal vistas. Mas realmente é um filme que fala a verdade e às vezes não queremos vê-la”, adicionou.
A atriz madrilena revelou que Paz foi desenvolvida por meio de grandes conversas com Laurent e que é talvez o que papel em que mais se entregou.
“Paz é uma mistura entre Mélanie e eu. É a mulher que criamos juntas e a verdade é que é uma personagem que me tocou muito pelos temas tratados. Peguei todas as experiências que vivi, e o que sou e o que quero ser. De alguma forma é a personagem mais pessoal”, explicou.
Neste sentido, Valverde, que em março completou 30 anos, declarou que busca “o desafio e o risco”, o que a motiva na hora de fazer seus trabalhos.
“Quero me envolver mais com os projetos que faço. Poder esperar mais de mim. Não somente interpretar uma personagem”, confessou.
Valverde insiste que está em um processo de “reinvenção”. Ao ser perguntada do que significa exatamente esse processo, a atriz disse que está tentando descobrir o que quer tanto como mulher e como profissional.
“Chegou a um ponto em sua vida em que se pergunta se o que fez até agora é o que quer continuar fazendo. E entendendo o que é melhor para você. O que te faz feliz. Suponho que agora é hora de reinventar inteiramente. E me anima muito essa etapa”, explicou.
A atriz, que se iniciou no mundo do cinema aos 16 anos com ‘La flaqueza del bolchevique’, de Manuel Martín Cuenca, também afirma que a história de Paz tinha que ser contada por uma mulher atrás das câmeras.
María considerou que em caso de haver desenvolvido Paz com um diretor masculino teria sido mais difícil, e que há histórias “que tem que ser contadas por mulheres”.
“O livro foi escrito por um homem, mas é um ponto diferente. Às vezes ajudem tem que enfiar-se na pele da pessoa por qual quer que seja contada. É muito importante a visão de uma mulher e ter ela por trás”.
E, mesmo que valorize os trabalhos realizamos com diretores homens, como os espanhóis Martín Cuenca e David Trueba ou o britânico de origem indiana Asif Kapadia, Valverde também conhece o valor intrínseco de colaborar com diretoras femininas.
“É muito importante o feito de ter uma mulher como diretora, para apoiar sua personagem, sua história. O ponto de vista vai ser diferente. E é verdade que nós mulheres precisamos muitíssimo mais filmes arriscados e feministas como esse”, comentou.
Fonte | Tradução – Larissa F.
Mais uma! María concedeu uma entrevista ao site ABC, leia na integra:
Em 2016, gravou quatro filmes, tem mais outros três para estrearem. Certamente é um bom momento…
Esta sendo um momento precioso, em que os projetos em que eu tenho trabalhado nos últimos anos, estão estreando. Agora estréia “Ali e Nino”, “The Limehouse Golem”… E em outubro chegará à Espanha um filme de Cédric Klapisch, “Ce quie nous lie”. Aliás, em 15 de setembro estarei apresentando “Plonger”, de Mélanie Laurent no Festival de Toronto! Estou muito feliz, porque de algum modo, se encerra um ciclo e começa outro que farei por completo. Desconheço se estou na melhor fase de minha carreira, suponho que isso poderá melhorar com o passar do tempo.
Como foi seu salto para o cinema Anglo-saxão?
Meu primeironfilme britânico foi “Cracks”, de Jordan Scott. Dali, tive a oportunidade de gravar “Exodus”, de Ridley Scott e logo vieram “Ali & Nino” e “Limehouse”. O processo tem sito muito lento e sempre com muito esforço e dedicação. Não é fácil trabalhar com um idioma que não é seu, mas tenho muita sorte de ter ganhado a possibilidade de ter maravilhosos personagens em grandes filmes.
Gravar em inglês significa desafios para você? Você mudou seu modo de interpretar ao trocar de idioma?
Não é fácil filmar em um idioma diferente, mas termina sendo muito gratificante quando você se supera. Tenho que trabalhar o dobro e isso me faz sentir viva. Adoro os desafios e descobrir facetas minhas que eu desconhecia. No momento em que falamos em outro idioma, nossa personalidade muda porque temos que adaptar para o vocabulário que conhecemos… Mas pouco a pouco nos descobrimos quem somos falando esse idioma.
Em “Ali & Nino”, você reivindica um ‘feminismo’, mesmo que da maneira da época. Quais referências te fizeram se preparar para o papel?
Durante o processo de ensaios, eu fiquei várias semanas vivendo no Azerbaijão para me integrar totalmente em sua cultura e em sua população, isso me ajudou muito. Aprendemos coisas do Azerbaijão, tivemos que praticar uma dança tipica de Baku r isso nos ajudou muito a entendermos melhor nosso personagens. Todas as mulheres nas quais eu tive contato me ajudaram de uma forma, sem elas perceberem. Foram essas características que me ajudaram a criar a Nino. No final, não foi um personagem fácil pelo arco emocional, mas foi o mais bonito que eu vivi.
A história é uma espécie de Romeu e Julieta da Ásia. Acredita na ideia de amor com muito romance?
Absolutamente. Por isso a história de “Ali & Nino” me encantou. É um filme romântico do início ao fim. O amor sem romantismo não é amor, pelo menos para mim. O romantismo é algo mágico.
Você acha que o público espanhol terá dificuldades de entender uma história de amor por ser representada por personagens asiáticos?
Não. É uma história universal e infelizmente não tão distante do que acontece nos dias de hoje pelo mundo… Mas no fim, é um conto sobre a vida e amor.
Que influência a religião tem em relação aos problemas que vemos no filme?
A maior influência é a intolerância que os seres humanos tem com os diferentes e tudo isso nos da medo. Porque do medo é de onde nascem os conflitos.
O que você aprendeu para a sua rotina depois de gravar esse filme?
A seguir aprendendo novas culturas e religiões diferentes. A vida é maravilhosa e poder conhecer o mundo todo através de pessoas é o que me faz amar a vida.
Você sentiu a pressão por fazer um personagem tão popular para muitas pessoas que leram o livro e sabem da história do filme?
A verdade é que eu não senti pressão. Desfrutei muito da experiência e para mim foi um presente fazer parte de uma história tão bonita.
Fonte | Tradução – Yasmim
María falou sobre “Ali & Nino” e “The Limehouse Golem” com o site El Mundo, leia mais:
Apesar da história se passar no começo do século passado, parece um conto de príncipes e princesas que aconteceu tempos atrás.
Sim, parece. Eu acho que é uma história de amor clássica no sentido de que poderia ter sido a trama de um filme de longa-metragem no início ou meados do século XX. Histórias deste tipo serviram a Asif Kapadia, o diretor, como referência quando se trata de fazer este filme. Ele fala muito bem dele e sua maneira de lidar com um assunto histórico tão complicado quanto este. Embora Ali & Nino se desenvolva em um momento específico, não parece uma história antiga.
À medida que o trama progride, sua personagem parece perder gradualmente a inocência.
Eu acho que Nino atua de maneira corajosa, porque ela é capaz de se adaptar ao que acontece e tomar as decisões que devem ser tomadas no momento certo. E ela não hesita em se rebelar quando é necessário. Nino tem um fogo interno que faz com que ela pareça como uma mulher à frente de seu tempo, quase como se fosse de outra época.
Foi difícil enfrentar seu primeiro papel principal em inglês?
Nesse caso foi complicado, não vou mentir para você. Mas ter o apoio do diretor me deu forças para superar o desafio.
Você costuma aceitar desafios como esses sem pensar demais?
Eu teria que pensar sobre a resposta correta (dúvida). Por um lado, eu diria que penso demais nas coisas. Embora, na realidade, não seja assim… tenho costume de dar saltos no escuro, e às vezes sou atingida. Eu acho que o medo me move e me excita. É por isso que faço os trabalhos que faço, porque vejo neles algo que me motiva. Se pensasse tanto, eu não faria tantas coisas… e teria muitos arrependimentos.
Semana passada tivemos a estreia de ‘The Limehouse Golem’, agora ‘Ali & Nino’ e mês que vem ‘Ce Qui Nous Lie’. Se continuar desse jeito você vai ocupar todos cartazes dos cinemas…
Juntaram os três, mas a verdade é que alguns deles foram gravados há anos. Então você vê, cada projeto leva seu tempo… E também tem La Carga, que filmei no México, e Plonger, outro que fiz na França. Mas é divertido. Tenho que me reinventar depois deste ano!
Com seus últimos filmes, quase todos baseados em fatos históricos, você está fazendo uma espécie de mestrado em Geopolítica…
(Risos). Sim, a verdade é que estou aprendendo muito sobre História. É muito interessante como, através do cinema, você pode aprender muitas coisas. Egoistamente, eu levo o cinema como uma terapia e como uma forma de conhecer o mundo. É um trabalho que o ajuda a entender o que acontece e por que aconteceu. Isso me excita.
Vale ressaltar que seus trabalhos fora da Espanha, com exceção de ‘Exodus: Gods and Kings’, geralmente não são de Hollywood…
Eu sempre pensei que um ator deve estar aberto ao que vem a ele. E às vezes você não decide onde deve estar. É por isso que, de todas as oportunidades que você tem, você tem que escolher as melhores.
E sobre filmar fora, a verdade é que Hollywood não é tudo. Há tantos países para descobrir que fazem um cinema maravilhoso… Se você puder passar por todos locais possíveis, pode fazer muitas coisas e forjar a carreira que deseja. Me considero muito afortunada de ter visitado países que, de outra forma, não conheceria.
Em The Limehouse Golem você surpreende com uma mudança de ‘estilo’…
Sim, adorei fazer uma femme fatale. O diretor, Juan Carlos Medina, me escolheu porque acreditava que poderia dar vida a um personagem totalmente diferente do que já havia feito até aquele momento. Sou muito grata por ele ter me oferecido algo assim. Com amor tudo funciona.
Como uma fã de Bill Nighy, você lutou para não se deixar levar pelas emoções de ter que compartilhar cenas com ele?
É difícil, mas como pessoa, eu gosto de conhecer os atores com os quais trabalho. Mesmo que eu morra da emoção, eu tento deixar essas coisas em casa. Através do que sinto pelos intérpretes que admiro consigo entender aquelas pessoas que se aproximam de você para tentar uma conversa ou em busca de uma foto. É como estar do outro lado.
Também aconteceu em ‘Ali & Nino’ com Mandy Patinkin. Conversar com o ator ‘The Princess Bride’ sobre sua esposa e filhos…
Você ficou surpresa ao ver as reações dos Espanhóis com sua aparição no Concerto de Ano Novo, dirigido por seu parceiro Gustavo Dudamel?
Bom, sim. Mas isso é a minha vida, da qual estou orgulhosa e muito feliz. E feliz que o mundo tenha se aberto à beleza. Nunca sonhei que isso acontecesse comigo, mas aconteceu. Me entendo muito bem com Gustavo e vivemos como turistas que conhecem bem o trabalho do outro.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Para divulgar The Limehouse Golem, María concedeu uma entrevista ao site Alta Voz. Leia o bate-papo traduzido:
Como surgiu a oportunidade de trabalhar em ‘The Limehouse Golem’?
Juan Carlos Medina conhecia meu trabalho e me ofereceu esta femme fatale a qual sempre estarei muito agradecida. Foi valente em tofos os sentidos e isso se refletiu no filme.
Sua personagem, Aveline, recebe com inveja e certa ignorancia Lizzie. Acredita que este este tipo de atitude vai mais além da era vitoriana e perdura hoje nos trabalhos?
A inveja nasce da mais pura insegurança. E por trás dessa mulher forte e chamativa se esconde o medo de perder seu lugar como artista e no coração de John Cree. Os sentimentos não compreendem épocas ou lugares.
Segundo sua experiência, esse tipo de inveja se dá mais entre homens, mulheres ou é indiferente? Por que acha que isso existe?
Sinceramente acredito que acontece em ambos os sexos. Parece que tem uma imagem negativa nas mulheres fazendo parecer que entre nós há mais inveja mas não concordo com isso. Quando vai crescendo nota que existe entre homens e mulheres e, também, em idades bem distintas. Depende muito da segurança que uma pessoa tem. Quando tem medo de perder algo, acaba perdendo…
Quais momentos destacaria de sua personagem no filme?
Aveline é uma personagem que me fascina. Se esconde atrás de uma mulher sedutora, extravagante e frívola, mas no fundo te mostra que está cheia de buracos que deixam ver seu amor e sua humanidade.
Como imagina a vida das mulheres da Londres de 1880? Acredita que o filme tenha um viés feminista?
Tinham uma vida muito difícil, assim valoriza mais tudo o que tiveram que fazer para seguir em frente. O filme é feminista e contado por uma mulher que se reinventa com o tempo. Claramente uma sobrevivente. Ainda mais interpretada com toda a doçura e força que Olivia tem. Uma mágica e maravilhosa mulher.
Como foi trabalhar com Bill Nighy e Eddie Marsan?
Um sonho. Bill é um ser de outro planeta. É a delicadeza e elegância em um homem. Eu me vi encantada por ele e tive a sorte de compartilhar conversas maravilhosas sobre a vida que sempre recordarei. De Eddie foi um luxo ver como compunha o personagem e também desfrutar de seu senso de humor.
O que é o mais complicando de filmar em inglês e com um elenco em que é a única espanhola?
O mais complicado de filmar em outro idioma é poder transmitir tudo aquilo que deseja através de um código que não conhece bem. Seus sentidos disparam e começa a descobrir capacidades de superação que não sabia que tinha. É um jogo. E, neste caso, foi um jogo arriscado porque o sotaque em inglês tinha que ser impecável. Os produtores me deram todas as facilidades para me ajudar. Me senti muito apoiada por todos eles e estarei eternamente agradecida a eles porquê fizeram com que eu me sentisse capaz.
Acredita que o ‘Brexit’ está afetando ou pode afetar a indústria cinematográfica britânica?
Não sei muito bem, sinceramente. Creio que veremos nos próximos anos… Mas do que estou segura é de que continuarão fazendo filmes de altíssima qualidade como esse.
Por que decidiu mudar-se para Los Angeles? Qual é o balanço que fez de seu primeiro ano ali?
Me mudei para Los Angeles por amor (este ano se casou com o músico e diretor de orquestra venezuelano Gustavo Dudamel). E mesmo que seja muito menos que Londres sinto que posso chegar a me apaixonar por esta cidade. Não é fácil, mas me tranquiliza saber que para todos que chegam aqui é difícil encontrar seu lugar. Me animei no melhor momento da minha vida a me reinventar e o que é melhor do que fazer isso aqui, onde tudo é possível.
Como abre caminho uma atriz espanhola na indústria americana?
Não sei. Suponho que começando do zero. Dá vertigens, mas é muito excitante ao mesmo tempo. Alguém não decide como começa, nem como termina. No fim, seu caminho está marcado pelas decisões que tomou entre as opções que a vida te ofereceu. Nem mais nem menos. Tudo termina sendo mais simples… E, quando entende isso, o resto não importa.
Desde seu Goya com La flaqueza del bolchevique não parou de trabalhar. Acredita que a partir dos 30 começará a receber menos papéis interessantes? Algumas veteranas reclamam disso…
Talvez sim, talvez não… Não posso adivinhar o que vem… Talvez não voltem a me chamar ou talvez venham os personagens mais interessantes, quem sabe? Dentro de uns 30 anos poderemos fazer um balanço… Só torço que, seja o que for, seja algo que me apaixone entusiasme!
Fonte | Tradução – Larissa F.
Como de costume, já disponibilizamos os scans e traduzimos a entrevista de María Valverde para a revista espanhola Cinemania. Veja tudo abaixo:
2014 criou um ponto de inflexão na vida de María Valverde. Depois de uma década de dedicação à atuação, a atriz fez suas malas e mudou-se para Londres. Anteriormente, houve o sucesso de “Tres metros sobre el cielo” e sua sequência, assim como a ruptura de seu relacionamento público com Mario Casas.
Depois disso, estava a sua espera o olimpo dos deuses chamado Hollywood nas mãos de Ridley Scott. Porém, María estava predestinada à fama internacional muito antes de “Exodus: Gods and Kings” e tornou-se a ‘nova Penélope Cruz‘. Nascida em Carabanchel, em 1987, aos 10 anos deixou de lado a ideia de ser astronauta e decidiu fazer aulas de artes dramáticas, embora “nunca pensei que gravaria um filme, apenas sonhava”. O sonho tornou-se realidade graças a Manuel Martín Cuenca, que viu naquela adolescente de 16 anos a protagonista para “La flaqueza del bolchevique”. Enquanto a maioria dos atores de seu país e de sua geração faziam séries de TV, María conquistava um Goya de melhor atriz revelação.
Dois anos mais tarde, decidiu abandonar os estúdios e ir para Itália para gravar seu primeiro filme estrangeiro, “Melissa P.”, filme controverso sobre o despertar sexual de sua jovem protagonista. A aparência de ‘Lolita espanhola’ fez com que conseguisse seus primeiros trabalhos. Nem sua juventude e aspecto infantil a impediu de conquistar uma carreira heterogênea, com personagens como Lucrécia Borgia em “Los Borgia” ou Fiamma, no irlandês “Cracks”, ou até mesmo outros mais maduros como Manuela, em “La mujer del anarquista”.
A atriz também foi capaz de se manter depois do tsunami “Tres metros sobre el cielo”, graças aos seus papéis nas séries “La Fuga” e “Hermanos”. No entanto, esse mesmo terremoto arrasou com sua vida privada, que se converteu, infelizmente, à carne fresca para tabloides. Repetir protagonismo com Mario Casas, seu parceiro naquela época, em “Tengo ganas de ti” (sequência de 3MSC) e “La Mula” só piorou a situação. Assim, em 2014, a atriz decidiu se mudar para a capital britânica. Durante essa época de ‘exílio’ imposto a si mesma (“Trabalhando fora me fez descobrir que eu gosto de começar do zero e me fez sentir estranha”), ela trabalhou nas produções norte-americanas “Broken Horses” e no bíblico “Exodus: Gods and Kings”, assim como a estreia de María na comédia “Ahora o Nunca”, e em “Gernika”, de Koldo Serra.
Escolhida em 2016 como um dos 10 talentos em ascensão pelo European Film Promotion, a matritense retornou às telonas com duas novas produções inglesas: “The Limehouse Golem”, de Juan Carlos Medina, e “Ali & Nino”, o drama romântico dirigido por Asif Kapadia (Amy), baseado na história de Kurban Said: “Não conhecia o livro, mas tenho uma amiga que morava em Londres e conseguiu um exemplar que havia lido na escola”. Valverde dá vida a Nino, uma cristã namorada de um muçulmano em Baku dos anos 1918 e 1920, “Um personagem feminino e forte, capaz de fazer tudo por amor, que se torna uma mulher que eu admiro”. Aliás, se trata de seu primeiro papel protagonista em inglês: “Eu tive dificuldade em improvisar porque cada cena era diferente e eu não tinha o vocabulário além daquele que eu havia ensaiado. Todos nós éramos estrangeiros e foi como a torre de Babel. Haviam italianos fazendo armênios e turcos que fazia azerbaijanos. Foi uma mistura maravilhosa.”
Atualmente, acabou de entrar nos trinta como uma das atrizes espanholas com maior projeção internacional, María enfrenta o futuro com serenidade de quem abraça a incerteza. “É difícil manter essa carreira. Não se sabe até quando irá durar, talvez termine agora ou daqui alguns anos. Nesse momento, estou um pouco na terra de ninguém. Se me oferecerem um projeto interessante, eu aceito, mas estou dando esse tempo de descanso para mim.”
LA FLAQUEZA DEL BOLCHEVIQUE: Ela foi selecionada entre mais de 3.000 candidatas, María cresceu com o Goya de melhor atriz revelação em sua estreia: “Foi o melhor início possível”.
TRES METROS SOBRE EL CIELO: O filme mais falado de 2010 a tornou em uma das atrizes da moda. Sua relação com Mario Casas ultrapassou as telonas e durou até 2014. Agora está casada com o maestro Gustavo Dudamel.
MUSA EUROPÉIA: “Antes de aceitar um projeto, sempre vejo se terá algum risco”. Estreou fora da Espanha com Melissa P., e foi o desejo inaceitável de Eva Green no irlandês Cracks.
EXODUS: GODS AND KINGS: Ridley Scott contou que Penélope Cruz recomendou María para o papel de Zipporah. As comparações entre ambas atrizes não era o que ela esperava: “É um orgulho, mas não estou a altura dela”.
ALI & NINO: “Queria trabalhar com Asif Kapadia e fazer parte de um filme clássico foi algo que eu nunca havia feito antes. Foi uma experiência mágica, com um mês de preparação em Baku e as gravações foram nas montanhas de Cáucaso”.
Fonte | Tradução – Yasmim
María concedeu uma entrevista à revista Fotogramas, onde falou sobre seus projetos “The Limehouse Golem” e “Ali & Nino” – que estreiam em setembro na Espanha. Leia:
Vive em primeiro plano desde sua adolescência e pulou etapas a torto e a direito. Agora, María Valverde vive uma fase de reinvenção vital que coincide com as estreias de ‘Ali & Nino’ e de ‘The Limehouse Golem’. A atriz nos fala sobre esse processo e seu trabalho.
Passar as ferias conhecendo um pouco mais da Califórnia e desfrutando da casa em Los Angeles que divide com seu marido, o músico e diretor de orquestra venezuelano Gustavo Dudamel, se transformou em um palácio de verão para Maria Valverde (Madri, 1987) depois de um ano de muitos voos de um lado para o outro do oceano. Trajetos profissionais e pessoais (não passo mais de dois ou três meses sem ver minha família, venho o tempo todo, aproveito qualquer motivo por mais bobo que seja para viajar até a Espanha, aponta) de uma atriz que, ao mesmo tempo que internacionalizou sua carreira, confessa viver um período de reflexão e autoconhecimento, de transformação e de profunda vontade de ampliar horizontes e seguir evoluindo.
Talvez seja culpa da tão falada crise dos 30, completos há uns meses? Sim, pode ser, reconhece enquanto ri: Às vezes se questiona se quer seguir fazendo o que faz e perde a ilusão por certas coisas. Sim, é uma crise, mesmo que passe. Estou em uma exploração interna, provando coisas diferentes, vendo se quero seguir fazendo isso. Não sei se é comum aos 30, mas me sinto em um momento de mudança vital. Dediquei 15 anos à atuação, sem dar atenção, em parte, a outras coisas. Quero ir mais além. Gostaria de continuar sendo atriz, mas isso é algo que nem sempre se pode decidir, e sou muito consciente disso. Quero ser parte dos projetos desde o princípio e ajudar a lhes dar forma. E preciso encher-me de coisas que não tenham nada a ver com isso, porque são as que alimentam minha alma.
MADRI, LONDES, LOS ANGELES
María Valverde pulou etapas à velocidade da luz. Debutou, e ganhou um Goya (por La flaqueza del bolchevique, em 2003), sendo adolescente. Viveu uma juventude com certo aperto midiático durante sua relação com Mario Casas. E, sem deixar de trabalhar, nem perder certa pontaria pelos caminhos menos óbvios, decidiu tomar distância. A vida a levou a Londres, onde pode reconectar consigo mesma.
Os paparazzis dificultavam assim?
Naquele momento me custava muito entender. Agora é diferente, a perspectiva muda você. Em Londres me senti muito livre. O ato de ir ao metro, por exemplo: antes estava um pouco obcecada, se me olhavam, e passava mal. Agora me esqueço, acredito que por viver fora há um tempo e vir sozinha de vez em quando, e me sinto tranquila. Sem uma pressão que antes colocava em mim mesma. Eu acredito que as coisas mudam, se ajeitam, e você entende a situação um pouco melhor. E supondo que em alguns momentos um é um pouco triste, mas faz o melhor que pode.
Não seria fácil de aguentar…
Não era, mas tampouco ajudei que fosse um pouco mais fácil. É complicado porque perde naturalidade, sente que não pode ser você, te incomoda pelas pessoas que estão naquele momento com você… Imagino que tem que encontrar um balanço. Por isso, às vezes é muito bom o anonimato. Tudo termina sendo muito mais saudável. Agora levo tudo isso com muito mais senso de humor.
De Londres cruzou o oceano e se instalou em Los Angeles. Quer conquistar as Américas?
Não fui a Los Angeles por trabalho, nem para buscar oportunidades, senão por amor. De algum modo, os atores vivem de um modo parecido, porque nos movemos constantemente. Às vezes nossas vidas pessoais e familiares são um pouco caóticas, mas é questão de se organizar. Agora mesmo estou muito aberta ao que vier, sempre que imagino. Nós também temos que nos reconectar com a profissão de vez em quando.
NÃO AO CONFORTO
Amiga do risco desde que aceitou ser a protagonista de Melissa P. (Lucas Guadagnino, 2005), Valverde estrela este mês dois filmes com os quais segue ruindo o que sobrou da zona de conforto. Por um lado, Ali & Nino (Asif Kapadia, 2016), trágica história de amor marcada pela guerra, que a levou até o Azerbaijão. Por outro lado, The Limehouse Golem (Juan Carlos Medina, 2016), relato de suspense situado na Londres vitoriana.
Creio que as duas escolhas corresponderam a um estado emocional e vital…
Sim. Ali & Nino fazia parte de uma fase de lançar-me no vazio, de escapar em todos os sentidos da minha zona de conforto. O projeto chegou para mim quando estava na Inglaterra, vivendo uma sensação de recomeço. Uma etapa estranha e interessante, a qual sabia que podia passar. É um filme que fez com que eu me abrisse ao mundo. E The Limehouse Golem é consequência desse salto ao vazio. É certo que ambas têm um significado especial pelo momento vital em que me encantava. De algum modo, estes projetos se converteram no princípio de ater me reinventar.
Em um da vida à filha de Mandy Patinkin. Em outro cruza a investigação do personagem de Bill Nighy. Dois atores enormes e icônicos…
É verdade. Mandy é o ser mais maravilhoso que pode encontrar, alguém extraordinariamente único. E, claro, um ícone: o Íñigo Montoya de La Princesa Prometida! E Bill… sou fã absoluta de Love Actually… Mas nunca me atrevi a dizer para ele. Reconheço que ele é um ser mágico e, mesmo que só tivemos uma cena juntos, pudemos desfrutar de muitos momentos juntos, e sempre o guardarei em uma parte especial de meu coração.
O que a aproximou de Ali y Nino?
Me parecia uma história tão romântica e uma personagem tão forte: uma menina que se torna mulher e vive experiências muito duras… Asif queria fazer um filme que poderia ser filmado há muitos anos sem que saia de moda, com certo classicismo. Na verdade, esse é o cinema de onde viemos e pelo qual nos apaixonamos, os clássicos seguem sendo nossos referentes, mesmo que soe bobo. Mas a verdade é que me encanta ser boba. Em todo caso, tive que trabalhar muito para estar à altura.
Sendo, como sempre disse, tão perfeccionista, estar à altura deve ser algo esgotados e complicado de fazer.
Faz parte da minha personalidade. Não sou masoquista, não provoco dor em mim. Sei quais são minhas virtudes e as aproveito. Às vezes sinto que os enganei todos estes anos e não se deram conta (risos). Com Asif, o bom é que nos tornamos amigos e foi meu cúmplice. Como atriz valorizo muito que seja um diretor que filme junto aos atores, que não fique num pedestal. Me senti muito livre e não é comum. Na verdade, só havia acontecido com David Trueba, mas ele levava a câmera e nesse lavabo não cabia ninguém mais (e volta a rir, lembrando Madrid, 1987).
Em The Limehouse Golem, em frente um papel secundários…
Sim, e, se sou sincera, o aproveitei muitíssimo. E foi uma oportunidade para criar uma femme fatale. Gostei muito do resultado, a obscuridade de todos os personagens e essa paleta de cores decadente tão atrativa visualmente.
Seu futuro fala francês: Cédric Klapisch (Una casa de locos) a dirigiu em Nuestras Vidas en la Borgoña (Ce qui nous lie). E Mélanie Laurent o fez em Plonger e em Galveston.
Com Cédric vivi uma experiência preciosa, sabia que seria alguém muito especial só conhecendo seu cinema. Seu belo filme foi um presente. E Mélanie… é uma deusa. Um todo. Uma referencia de mulher e uma atriz que admiro muitíssimo. Qualquer coisa que me diga será pouco. Como diretora deu um giro na minha vida com Plonger, o melhor personagem que interpretei, e me segurou a mão tão forte como nunca fizeram. Entrou no meu coração. Com ela vou ao fim do mundo.
Fonte | Tradução – Larissa F.
Confiram os scans, ensaio fotográfico e entrevista completa traduzida para a revista espanhola InStyle:
María Valverde será a capa do mês de junho da revista espanhola InStyle.
Em breve iremos publicar um mega post com a entrevista traduzida + scans, enquanto isso fiquem com os bastidores do ensaio legendado: