Durante a press junket de Gernika em Madrid, María Valverde conversou sobre o filme, sua carreira e muito mais com o site ABC.es. Leiam o bate-papo traduzido:
María Valverde, que é uma mulher muito ativa nas redes sociais, escrevia no domingo em seu twitter: “Preparada para uma semana agitada. Chega ‘Gernika’: as emoções de James D’Arcy na filmagem sobre o bombardeio de 1937”. E assim a atriz espanhola iniciava a propaganda do filme que trata sobre o terrível bombardeio que a Legião Condor realizou sobre o povo basco e que depois imortalizou Picasso. É um filme dirigido por Koldo Serra e protagonizado pela atriz espanhola, James D’Arcy e Jack Davenport.
O filme, descrito pela crítica como um clássico puro, conta uma fugaz história de amor entre uma censora de imprensa da República e um jornalista americano que seguia a guerra espanhola e que se mostra desencantado com sua profissão e quase da vida. Justo nesse momento, na desilusão, se encontram ambos os personagens poucos antes que chegue o massacre de civis realizado por aviões alemães.
A atriz, com o filme prestes a sair do forno (estreia nesta sexta-feira) contou à ABC suas impressões sobre o filme de Serra:
Surpreende que olhando para trás não se tenha feito nenhum filme sobre Guernica.
Está certo, parece estranho a todos que trabalhamos no filme porém não tenho nenhuma ideia do porquê ter sido assim. Acredito que tenha sido feito algo no País Basco mas era para a televisão e não foi a nível nacional.O filme parece bastante duro e às vezes até devastador.
Eu tenho essa sensação. Na realidade tenho duas versões, uma como atriz e outra como espectadora. Porém me parece dura sim porquê a verdade é que o filme não se posiciona. Se vê somente a versão dos jornalistas que também são da imprensa internacional. Era muito importante a objetividade porém apesar de conseguir alcançá-la o filme saiu muito duro por tudo que acontece.Tem certo tom atual porquê agora assim como antes passa por cima dos símbolos, da cultura, da ética, de tudo. Antes eram os rifles e agora é o dinheiro.
Está certo, esse passar por cima dos valores é algo que faz parte da humanidade e da história. Em uma guerra nada importa, nem sequer as vidas das pessoas. Os personagens do filme são uma consequência do que acontece e se vê perfeitamente como os de cima os movem como marionetes.O princípio da selvageria.
Também foi o princípio da barbárie porém não sei se é o princípio exatamente porquê não sei onde está o começo exato. O que sei é que a ciência certa é que, de alguma maneira, toda a história volta a repetir-se, mesmo que adaptada ao tempo em que se vive. O bom desse filme é que está contando um feito que até agora não havia se explicado de forma clara e convincente.É curioso o desencanto dos dois protagonistas, que é equivalente à desilusão da sociedade atual.
É algo que Koldo explica muito bem, como os personagens estão desencantados da vida que levam, sobretudo no caso da minha personagem, que é censora, porém porquê tinha sido levada a ser, não porquê era a vida que queria. E Henry, o jornalista americano, está num lugar equivocado, em um lugar que ele não quer estar.Classificaria o filme como sombrio e obscuro?
Hummm. Sim, pode ser. É verdade que é incômodo, mas porquê é um filme muito honesto. Quer ensinar uma realidade sem tentar manipular o espectador. É simplesmente um espelho, porém tem um pouco de luz quando a história de amor começa. O que acontece é que em seguida chega o bombardeio e tudo fica escuro novamente.O objetivo do filme era ser equidistante?
Sim, Koldo sabia o que queria ensinar. O importante era ter uns personagens para chegar no momento crucial, que foi o bombardeio bestial que se vê no filme.Dizem que Gernika é um filme de aparência clássica.
Não sei se é a palavra exata. Eu o classificaria como elegante e também muito espetacular. É bonita de se ver apesar do desconforto que causa com o que se vê.Em um nível pessoal está exausta, não para de trabalhar.
Pois a verdade é que sim. Desde os 15 anos, quando fiz meu primeiro filme, trabalhei muito. Acredito que fiz 25 filmes em 14 anos. Não sei bem. Meu pai que sabe bem a conta. O bom é que estou trabalhando em diversos países, falando vários idiomas e me sinto orgulhosa da minha carreira.Você previa trabalhar por todo o mundo?
Não planejei nada. Nunca o fiz. Ao final me deixo levar pelo momento e assim desfruto o caminho. Se me representa um desafio aprender um idioma, pois faço o filme e durante eu aprendo.Deve ter facilidade com os idiomas porquê fala espanhol, inglês (perfeitamente), francês e italiano.
Sim e não. Depende porquê, por exemplo, o euskera me custou muito. E isso que no filme só o falo em três ou quatro cenas, porém não sei, me passava muito respeito. Falo o que me vão pedindo. Um ator tem que estar aberto ao que surgir neste aspecto.Vive em Los Angeles agora?
Pois não sei te dizer. Realmente vivo em um avião. Não tenho base fixa porém é como eu gosto de viver. Agora passo mais tempo em Los Angeles, mas também estou aqui e, no geral, vou onde tenho que estar.O que te chama mais atenção no panorama cinematográfico atual?
O que mais que interessou são os projetos pequenos. Eu sempre gostei do cinema independente.E o daqui, como o vê?
Uh, fenomenal. Na semana passada tivemos quatro estreias espanholas, não? Está se vendo muito movimento e também dá resultado. Há comunicação com os espectadores porquê o público espanhol está comprando o cinema nacional. Creio que tínhamos um rótulo e isso era ruim. Temos que nos apoiar mutuamente.Já sei que não gosta de se pronunciar a respeito, porém tem muitos projetos na manga?
Estou preparando um filme porém ainda não posso dizer nada a respeito. Tenho dois filmes ingleses e dois franceses, mas não sei se vão distribuir aqui. O certo é que tenho feito muitas coisas que não saíram aqui. É uma lástima e me dá muita pena.Vivendo em Hollywood e dominando o inglês como domina teria mais oportunidades para trabalhar naquela indústria.
Francamente, acho muito difícil. Ela funciona de outra maneira. Não acredito que me saía nada a respeito. De qualquer forma não é algo que tenha entre meus objetivos. O que importa é o que me disse há pouco um diretor de cinema: “María, o que tem que fazer é escolher um bom roteiro, uma boa história”. E isso é o que tento fazer. Isso é o mais importante.
Fonte | Tradução – Larissa F.