Traduzimos mais duas entrevista de María durante a divulgação de Gernika: uma para o site No Submarines e outra para o Deia. Leia na íntegra:
No Submarines
A atriz tinha uma programação apertada, por isso foi feita uma mesa redonda para or jornalistas de meios diferentes, e essa foi nossa pergunta para ela:
NS: Se inspirou em Constancia de la Mora?
MV: Sim, porém com muitas diferenças já que não se queria fazer uma biografia sobre ela, tanto Koldo Serra como os roteiristas, me proporcionaram um dossiê completíssimo e bem organizado de como era a Teresa, minha personagem, e não tive que beber de outras fontes.Deia
DEIA: O que significa gravar uma história que marcou um povo e que se viu refletida em algumas obras artísticas, literárias…?
MV: Muita responsabilidade. Ter a sorte de contar com testemunhos em primeira pessoa de vítimas e familiares foi incrível e sobretudo, a ilusão que teria ao fazermos um filme sobre o que aconteceu.DEIA: Essa responsabilidade se transformou em pressão na hora de preparar sua personagem?
MV: Não pensei nisso quando a preparava, porquê estava muito bem escrito e tinha muita informação de onde Teresa vinha, quem era, em quem era inspirada. Quis levá-la para mais perto de mim para poder crescer com a personagem durante o filme.DEIA: Então há muito de você na Teresa…
MV: Sim. Sobretudo no momento em que filmamos porquê estava muito cansada fisicamente de um filme anterior e esse cansaço físico passou para o emocional e para a criação de uma mulher muito fechada e um pouco bloqueada, com poucas ilusões, realmente. Durante o processo do filme vai se contagiosamente e recuperando essas pequenas doses de ilusão.DEIA: E o que a Teresa trouxe para você?
MV: Mais capacidade de aprendizado.DEIA: Em que se inspirou para preparar o papel?
MV: Tive como referencia Constancia de la Mora, que foi a primeira editora-chefe da oficina de imprensa de Madri. E a partir daí, a história que havia por trás de Teresa, a imagem paterna que para ela é tão importante, a relação que tem com seu pai, gostei muito de começar a criar personagem desde essa necessidade do pai e de esse sentimento de perder. É por isso ela tem que ser tão valente, se fazer valer por ela mesma em um mundo de homens.DEIA: A figura da mulher é forte em Gernika…
MV: Sim. O bom desse filme é que a figura feminina é muito forte em contraposição à do homem. Não somente a personagem da Teresa, também a que representa Ingrid García Jonsson, incluindo a de Irene Escolar, mesmo que seja a menina que está iludida porquê vai casar. O papel feminino é muito forte. Acredito que isso enriquece muito o filme.DEIA: Há uma mistura de muitos idiomas… Como se sentiu?
MV: Muito incomodada. Porém gosto de me sentir assim. O fato de não falar sempre em espanhol e misturar o inglês e ter a oportunidade de aprender euskera, a dizer algumas coisas… me ajudou a me encontrar muito desajeitado e é como eu mais gostei de me sentir.DEIA: O que destacaria do filme?
MV: A honestidade com que é contado, a elegância em que é filmado, e a história dos personagens, que no fundo acredito que é uma desculpa para te levar a viver em primeira pessoa o bombardeio. De fato, para nós como atores também foi muito interessante o ocorrido que fizemos porquê o filmamos cronologicamente. O bombardeio foi ao final de tudo e tivemos a sorte de estabelecer as relações entre os personagens antes para poder desenrolar depois, na última parte. E acredito que isso vai chamar a atenção.DEIA: Nessa última parte se condensa toda a brutalidade, a crueldade, o horror…
MV: Foi muito complicada a filmagem. Sobretudo emocionalmente porque todos que trabalharam no filme, equipe técnica e artística, éramos muito conscientes de que o que estávamos gravando era verídico. E tivemos a sorte de que os efeitos especiais fossem reais. Não sei quanto há de pós-produção, mas como atriz eu vivi muitas explosões e era totalmente coreografado porquê em cada sequência havia dispositivos que explodiam. Era impecável como estava ambientado. Viver isso em primeira pessoa foi um presente para nós.DEIA: Que projetos tem em mãos agora?
MV: Tenho para estrear quatro filmes mas não sei se chegaram à Espanha e tenho também um projeto para outubro.DEIA: Como vê a evolução da cultura cinematográfica na Espanha em comparação com os outros? Quanto a criatividade, inversões…
MV: Na Espanha temos um grande handicap do dinheiro. Não podemos fazer muitos projetos por falta de dinheiro, pro falta de ajudas. Mas no sobra talento. Temos grandes cineastas e técnicos que fazem um verdadeiro espetáculo e um claro exemplo é Gernika, é brilhante o trabalho técnico que há por trás. Eu acredito que nos falta acreditar também. Temos tendência a ser muito chorões e isso é um problema. Mas eu não vejo muita diferença, além do dinheiro, mas isso é evidente.DEIA: Se te pedissem que olhasse para trás e visse tudo o que passou como atriz… o que diria?
MV: Nunca me vi estando onde estou e não tenho uma imagem do que quero ser. Desde sempre me deixei levar, trabalhando muito e correndo riscos.DEIA: Quando soube que queria se dedicar a isso?
MV: Desde pequena. Foi mais uma brincadeira absurda do que me querer ver em uma tela. Mas acabou se tornando sonho e o sonho se tornou realidade.