Durante o Berlinale (Festival de Cinema de Berlim), María Valverde concedeu uma entrevista para o site espanhol Candas 365. Leia o bate-papo completo traduzido:
Berlim, 13 de fevereiro – A atriz espanhola María Valverde está “feliz” por ser uma entre as dez “European Shooting Stars” do Berlinale deste ano, que foram apresentadas hoje para os meios de comunicação, algo mais que um trampolim para a sua carreira, ela vê isso como “uma experiência de vida”.
“Estou muito feliz, de verdade”, diz Valverde sobre o Festival Internacional de Cinema de Berlim, que pretende mostrar o talento de jovens atores europeus.
A jovem atriz, famosa por filmes como “Tres Metros Sobre el Cielo”, confessa que já havia tentado ser selecionada em outras ocasiões. “Depois de três tentativas, eu consegui”, diz após se submeter aos inúmeros flashes das câmeras em um Photocall criado para a ocasião em um hotel no oeste de Berlim
Valverde também está encantada pelos seus companheiros. “A verdade é que sou bastante fãs de alguns deles, especialmente da francesa Lou de Laage. Eu amo”, diz sobre a atriz de filmes como “The Wait” e “Breathe”.
Para a madrilena de 28 anos de idade, esta oportunidade pode ser que não sirva como um trampolim para a sua carreira, “acredito que funcione como uma experiência de vida em minha carreira. Para mim, isto está sendo como um acampamento de verão, mais ou menos”, comenta entre sorrisos.
Há 13 anos, ganhou o prêmio Goya como atriz revelação do cinema espanhol com o filme “La Flaqueza del Bolchevique”, desde então, não parou de trabalhar e se sente “muito orgulhosa” por tudo que ela tem provado sobre sua trajetória cinematográfica.
Apesar de sua juventude, ela sabe se virar com os veteranos. Em 2014, teve a oportunidade de colocar-se às ordens do diretor britânico Ridley Scott em “Exodus”, onde compartilhava cena com Christian Bale e outros. “Foi um sonho, um sonho que se tornou realidade. Você se sente um turista vivendo esses tipos de experiência”, afirma.
Seus últimos passos têm acontecido no cinema francês, onde participará dos filmes “Plonger” (Inmersión) de Mélanie Laurent e “Le Vin et le Vent” (El vino y el viento) de Cédric Klaplisch. Atualmente, ela está estudando francês. “Não falo francês e para mim vai ser muito difícil, mas estou tão emocionada e tenho tanta fé que creio que a fé moverá a montanha.”
O medo de ter que gravar em outros idiomas pode ser uma de suas complicações. “É bastante frustrante algumas vezes, mas é divertido. Eu não canto e eu não entendo de música, acredito que isso é bem parecido. Você aprende uma coisa e está bom. Não sei, temos que estar com todos os sentidos à flor da pele”, explica.
Apesar de suas participações em filmes estrangeiros, Valverde reconhece não ter filme favorito de um país em particular, mas mostra que seu favoritismo se concentra em filmes independentes, tanto como atriz como telespectadora e em especial, do cinema espanhol. “Acredito que na Espanha temos pessoas com muito talento e que podemos fazer muito com pouco. Sou bastante patriota ao meu país e eu gosto muito dos filmes que são feitos ali.”
No entanto, para encontrar um representante espanhol no programa do Berlinale este ano, temos que ir para o tema gastronômico do cinema com “Campo a través”, de Pep Gatell, sobre o chef de Mugaritz, Andoni Luiz Aduriz. Para Valverde, a causa disso pode ser os estragos da crise nos últimos anos.
“Tem sido bastante difícil para a nossa cinematografia e se tem feito poucos filmes. Agora que alguns estão sendo gravados. Acredito que são poucos, mas tenho certeza que serão ótimos”, analisa.
A crise econômica também é um golpe duro para os jovens espanhóis no geral. “As coisas ficaram complicadas para nós e temos que sair fora do país para conseguirmos oportunidades, mas acredito que em breve isto acabe”, diz a madrilena que reside na Inglaterra. “Muitas cineastas saíram e isso é uma tristeza, mas espero que todos nós possamos voltar e criaremos algo juntos”.
Este ano estreará, entre outros trabalhos, o filme inglês “The Limehouse Golem”, do diretor estadunidense Juan Carlos Medina e “Ali & Nino” de Asif Kapadia, assim como o espanhol “Gernika” de Koldo Serra, que sairá está primavera e María confessa que o filme foi um presente.
“É um filme que fala da tragédia que aconteceu em Gernika, em um dos atentados, e deixar o filme perto desta realidade foi muito difícil. Este filme foi um presente por ser espanhol e eu poderei contar esse lado da história da Guerra Civil que ainda não foi contado”, declara.
A respeito de seu futuro, Valverde gostaria de gravar com Isabel Coixet. “Amo trabalhar com mulheres”, revela e ao mesmo tempo que reclama de papéis femininos. “Às vezes os papéis mais interessantes são masculinos, mas agora estamos nos arriscando um pouco, já que temos mais papéis femininos potentes e com mais corpo.”
No entanto, ela não está dando o famoso salto para Hollywood. “Eu não sei, mas gostaria de experimentar”, afirma. “Não sei, prefiro ir dando pulos pelo mundo”, acrescenta. “A verdade é que eu sou uma nômade. Não gosto de ficar no mesmo lugar por mãos de três meses, sou assim”, termina.
Fonte | Tradução – Yasmim