María Valverde falou sobre Teresa – sua personagem em “Gernika” – durante uma entrevista à revista PEZ. Leiam o bate-papo completo traduzido:
PEZ: Sentiu muita responsabilidade ao interpretar esse papel que tem tanta relação com a história espanhol?
MV: Sim, principalmente sobre a parte que contamos o que é o bombardeio de Guernica.PEZ: O que Gernika tinha que fez você aceitar o projeto?
MV: Para mim o que primeiramente me fez aceitar o papel foi trabalhar com Koldo. Já havia trabalhado com ele em La Fuga, uma serie do canal Telecinco. Era minha motivação para estar interessada em participar do projeto e quando li o roteiro notei que minha personagem era uma personagem feminina com muito potencial. No início não tinha muita consciência do peso que a história teria e acredito que tenha me ajudado muito essa ingenuidade e ter entrado de cabeça. Quando começamos a trabalhar no filme uma mulher aproximou-se de mim em um bar num povoado e me deu os parabéns, pois estavámos fazendo um filme sobre Guernica. Ela me contou a história de seus pais e como viveram, e somente quando vivi aquele momento percebi que estava fazendo algo importante e que merecia todo o meu respeito. Isso me deu muitíssimas forças para começar. Nas filmagens me sentia plena e que estava fazendo de maneira correta.PEZ: Em Gernika você interpreta o papel de uma mulher madura e forte, sente que chegou no momento da carreira de interpretar papéis assim?
MV: Acredito que sim, mesmo que meu rosto não diga isso. Tenho 29 anos e acredito que que tenho tido sorte como atriz de interpretar papéis muito mais avançados para minha idade e outros menos, porém ter essas oportunidades e acreditarem em você é algo que tenho que agradecer. Nesse caso me preocupava muito a idade, visto que Teresa é muito crédula e tinha um certo medo da imagem que iria demonstrar e o que eu podia demonstrar. Assim Koldo tentou me tranquilizar e tentamos construir uma Teresa que fizesse sentido, que eu pudesse interpretar. Creio eu, como María, que estou no momento de interpretar esse tipo de mulheres, mas não sou eu quem decide, pois tem que se adaptar.PEZ: Teresa é inspirada em alguém da vida real?
MV: Sim, ela é inspirada em uma censora, porém apenas levemente, nunca quisemos utilizá-la como referência, era simplesmente como um dado. Não queria me submeter a ela para não ter mais responsabilidade e mais peso, pois eu queria ter algo desde o começo para começar do zero. Era importante para mim criar a mulher, porém desde a perspectiva da mulher basca. Tive uma professora com quem trabalhei o basco (euskera).PEZ: O que acha da fascinação por história das novas gerações e que custa tanto a contar aos nosso avós?
MV: Eu acredito que a fascinação existe por não termos vivido a história diretamente e é muito fácil ter uma opinião e pensando nos dias atuais que tudo é tão fácil, é muito diferente. Atualmente o importante é que façam histórias e nesse caso não queremos falar de bons e maus ou de um partido ou de outro. Realmente tem um plano de fundo político que é importante e está ali, porém a trama gira em torno da história de amor entre três personagens. Se deveria ter menos medo da hora de recordar. Por exemplo, não tem filmes de Guernica. Até agora fizeram um filme para a TV há alguns anos, porém acredito que é a primeira vez em que se fala sobre o que foi o bombardeio de Guernica.PEZ: Fez alguma cena especialmente difícil?
MV: Gravamos o filme quase cronologicamente, logo o bombardeio ficou para o fim, e com as cenas do bombardeio ficamos abalados, pois o departamento conseguiu recriar de maneira muito vivaz. Assim tinha muitas explosões, muito sangue e tudo era muito verídico. Tinha momentos em que você sentia lá, e imaginava o que poderia ter vivido de verdade.PEZ: Acredita que, se tivermos a história de amor, Guernica funciona no cinema?
MV: Acredito que sim, pois acredito que a história de amor está em segundo plano. Creio que a história mais importante é a história de uns personagens que estão perdidos e não fazem o que querem fazer. Estão presos e desiludidos com a vida, com a sua profissão e não se importam com mais nada. Teresa pensava que ia ser escritora em outro lugar, que viajaria, por isso que é uma pessoa que não está onde quer estar. A história é essa. Se vê a guerra civil por meio dos jornalistas e pela história de amor você conhece os personagens.PEZ: Você vai dublar a versão espanhola?
MV: Não, nunca. Fiz uma vez e não faria novamente. Não sou a favor da dublagem e respeito o trabalho dos dubladores e tal, mas como espectadora gosto de ver a versão original e como atriz a vejo sempre também, já que me custa tanto a interpetação, o aprendizado e tem muito trabalho por trás de cada personagem. Prefiro me deixar levar pela linguagem corporal que pelas palavras.PEZ: Pode funcionar (assistir no idioma original) com tantos idiomas falados no filme?
MV: Pode funcionar, deve. Falar no próprio idioma ajuda a ver os personagens imperfeitos e eu como espectadora quero me sentir identificada também com os personagens. Mas cada um deve escolher o que quiser.
Fonte | Tradução – Larissa F.