Semana passada aconteceu a premiere de “The Limehouse Golem” no Toronto International Film Festival, e a revista Variety publicou uma resenha sobre o filme – onde revelam mais detalhes sobre a personagem de María Valverde. Leiam abaixo:
Um assassino estilo estripador aterroriza Londres nesse filme de terror colorido e desordenado. Por mais que a decoração vitoriana interna “ocupada e artificial” seja excessiva, The Limehouse Golem tem muita similaridade com uma coisa boa e fina. Essa adaptação do livro de Peter Ackroyd “Dan Leno and the Limehouse Golem” de 1994 (publicado nos EUA como “The Trial of Elizabeth Cree”) é uma mistura barroca de personagens históricos reais, figuras fictícias, flashbacks de muitas camadas e uma intriga criminal em duas frentes abrangendo ambos um envenenamento doméstico e assassinatos em série macabros na Londres de 1880.
O segundo longa de Juan Carlos Medina (e primeiro em linguagem britânica, depois da co-produção europeia de 2012 “Insensibles”) quase não possui um momento tedioso – não há tempo para eles ou para o jeito que esse material implora por atmosferas ricas e personagens detalhados. É difícil não se perguntar o quão melhor os resultados desordenados teriam se desenvolvido em uma minissérie, dado particularmente ao fato de que a TV tem se destacado em gêneros tão ambiciosos e misteriosos ultimamente. Se o público, que agora se acostumou a achar emoções tão densamente bem-postas nas telinhas irá fazer os esforço de vê-los nas telonas – particularmente nos EUA, onde alguns sotaques ingleses de classe baixa podem se provar um obstáculo – continua um mistério.
Quando outrora o jornalista falido e dramaturgo John Cree (Sam Reid) é encontrado morto em sua cama, a suspeita cai sobre sua esposa Elizabeth (Olivia Cooke), a ex “Little Lizzie” do hall da fama musical. Era de conhecimento que eles estavam com dificuldades conjugais, e ela habitualmente preparou a poção soporífica que desta vez aparentemente incluiu um aditivo fatal. Ao mesmo tempo, John Kildare (Bill Nighy) – um inspetor escocês envolvido em rumores de homossexualidade – é recentemente posto na busca pelo “Limehouse Golem”. É uma missão inacreditável, já que a identidade do notório assassino estilo estripador iludiu tantos colegas mais renomados.
As duas trilhas criminosas quase imediatamente se transformam em uma só, Kildare rapidamente descobrindo muitas sobreposições. Ele também desenvolve uma oprimida simpatia pela aprisionada Sra. Cree, que escalou de uma pavorosa miséria e abuso até o sucesso e respeitabilidade, só que agora é tarjada como “femme fatale”. A história de vida que ela relata a Kildare mostra uma órfã sendo posta debaixo da asa de Dan Leno (Douglas Booth), um comediante sensação do hall da fama da vida real interpretado aqui como alguém na maior parte famoso por papeis de travesti. Com o tempo, ela própria se tornou uma estrela dos palcos, sendo ajudada ou prejudicada por alguns companheiros de trabalho incluindo o diretor de palco “Uncle” (Eddie Marsan), um pequeno devasso chamado “Little Victor” e a vampírica “Acrobatic Aveline” (Maria Valverde), a última sendo a rival de Lizzie, invejosa por todas as atenções masculinas. Os principais entre eles eram aqueles de Cree, que foram desviados dos charmes mais experientes de Aveline, sobrevivente ainda “inocente” de sofrimento brutal.
Enquanto isso, nos dias atuais, as investigações de Kildare ao lado do amigável Constable Flood (Daniel Mays) une as duas classes: John Cree não só surge como suspeito nos macabros assassinatos de Limehouse Golem (foram nomeados em ‘homenagem’ ao distrito pesado onde aconteceram, e uma figura folclórica judia foi referenciada pela imprensa), mas ele compartilhou também sobreposições intrigantes com outros que poderiam ter cometido os crimes. Se juntando a ele naquela companhia indesejável está Leno, assim como também outras figuras históricas, o teorista político da Prússia, Karl Marx (Henry Goodman) e o romancista inglês George Gissing (Morgan Watkins). Enquanto Kildare imagina os atos horríveis de Golem – os quais, até agora, foram visitados por todos, de prostitutas a estudiosos e toda uma família – ele imagina cada um desses homens no papel de culpado.
Esse é um esboço precipitado de um enredo tão cheio de incidentes e explicações que mal parece que há um momento que ele não está sendo arremessado para frente – embora às vezes nosso detetive protagonista se desvia um pouco do caminho, em direções perigosas. Isso significa que quase todas as caracterizações devem ser rendidas a traços largos por alguém profissional o bastante para fazer um pedido que tivesse mais espaço para esticar. (“Golem” é dedicado ao falecido Alan Rickman, cujo câncer pancreático o forçou a desistir do papel principal.) Dentre algumas reviravoltas, a irônica contenção de Marsen é especialmente bem-vinda. Cooke (que tem a oportunidade de mostrar sua voz de canto bela e treinada) é competente se não inspirada o bastante no que acontece de ser o papel mais exigente.
Frequentemente, a peça de Jane Goldman parece uma condensação sem fôlego e falante ao invés de uma interpretação do conceito imaginativo de Ackroyd, se esforçando para encaixar cada pedacinho do complicado conto em uma produção de duas horas. É um crédito para todos os preocupados que os resultados funcionaram bem; mas eles sempre têm um ar de melhor-polimento-possível colocado em uma máquina de Rube Goldberg cujas idiossincrasias parecem mais deselegantes do que poderiam ter sido em um formato mais generoso.
Adicionando à sensação de claustrofobia pela narrativa comprimida, a apresentação animada de Medina parece quase uma coisa feita em estúdio, com poucas externas de dia e um sentimento saboroso mas teatral da produção de design geral. Isso pode ser uma escolha deliberada para sublinhar os temas teatrais da história, mas tais temas sutis tendem a ser enterrados na desordem aqui. (Há espaço para bastante sangue, garantindo uma classificação indicativa de +18, em adição da nudez de Valverde.) No entanto, toda a contribuição tecnológica e de design são de ótima qualidade, apesar de que o limite orçamentário pode ser percebido no fato de que o hall da música, que faz Dan Leno e “Little Lizzie” serem os supostos brindes de Londres, aparece num local de escala terrivelmente modesta.
Fonte | Tradução – Laura M.