Além do ensaio e entrevista, María gravou um vídeo exclusivo para a Vogue revelando algumas coisas que são necessárias para se tornar uma atriz. Assista o vídeo legendado:
Para divulgar “La Carga”, María Valverde conversou com a revista Empire. Veja o scan e a tradução do bate-papo:
Como foi interpretar Elisa em La Carga?
Elisa é uma personagem muito complexa, mas foi algo incrível de criar. Juntamente com o diretor, Alan Jonsson, tivemos que trabalhar da tristeza total à raiva, do medo ao desespero. Era necessário garantir que a relação entre os dois personagens principais se consolidasse tanto que acabou se tornando uma irmandade. Foi muito importante o trabalho que Horacio (García Rojas) e eu fizemos para moldar esse relacionamento.
E falando sobre isso: o que é um “fardo” para você?
Algo pesado, tanto físico como psicológico, que você é forçado a fazer.
Quais são os principais “fardos”?
Eu sou celíaca (intolerante ao glúten) e, desde uma idade muito jovem, as pessoas têm dificuldade em entender o que isso significa. Já riram de mim por sua própria ignorância. Esse é o “fardo” que tenho levado desde minha infância.
Você tem um apelido?
Little bird (Pássaro pequeno).
Qual artista te inspirou para querer se tornar uma atriz?
Quando era criança vi a peça ‘Mujer con Espejo’ de Fernando Botero na Plaza Colón de Madri e decidi que queria fazer algo que o mundo apreciaria. Pouco a pouco descobri que queria ser uma atriz.
Você já fingiu que ganhou um prêmio por atuar? Você se viu fazendo um discurso na frente de muitas pessoas?
Nunca sonhei em ganhar um prêmio. Na verdade, na escola eu nunca ganhei nada porque sempre detestei competições (no entanto, em 2004 venceu o Prêmio Goya de Melhor Atriz Revelação por La flaqueza del bolchevique).
Qual filme você assistiu mais vezes?
Grease!
Que filme faz você chorar?
Quando era criança chorava assistindo ‘Em Busca do Vale Encantado’.
O que você faz melhor do que ninguém?
Mandar e limpar! Eu amo e relaxo. [Risos].
Quanto custa um litro de leite?
Um pouco mais de dois dólares. Eu não sei muito bem, na verdade… Ainda não me acostumei com o dólar.
Você já roubou alguma coisa?
Não, nunca. Bem… uhmm… uma vez peguei algo emprestado… e fui pega.
Quando criança, você queria ser como…
Minha avó.
Qual foi a sua queda mais catastrófica e vergonhosa?
No instituto, depois da aula. Rolei as escadas da minha escola e todos riram de mim… incluindo eu mesma.
Você poderia me dizer um cantor que é seu ‘prazer culposo’?
Freddie Mercury.
Fonte | Tradução – Equipe María Valverde Brasil
Durante a entrevista María falou sobre seu rompimento com Mario Casas, Gustavo Dudamel, sua carreira e muito mais! Leia tudo traduzido:
Ninguém se livra da síndrome de recém-chegado a Los Angeles. María chegou em Julho.
Só agora está começando a se adaptar, pouco a pouco, à cidade onde qualquer ator gostaria de tentar a sorte. Ano que vem completará 30 anos, metade da vida no cinema. Com 16 ganhou um Goya por ‘La Flaqueza del Bolchevique’ e desde então não deixou de trabalhar. Sua vida deu um giro quando ‘Tres metros sobre el cielo’ (e sua sequência) a converteu em um ídolo adolescente. Ela e Mario Casas, seu companheiro de cena e, na época, seu namorado na vida real. Seu rompimento foi o alimento da imprensa sensacionalista. Talvez por isso, em 2014, colocou a terra no meio, se mudou para Londres e começou do zero. A partir dali foram meses sendo outra María Valverde.
Enquanto prepara seu próximo filme, a adaptação do livro de Ernest Hemingway ‘Across the River and Into the Trees’, que filmará em Veneza com Pierce Brosnan, Valverde nos recebe na casa que divide com seu novo companheiro, o diretor da Orquesta Dudamel. A atriz, de uma sinceridade esmagadora, se senta à mesa da cozinha disposta a falar de tudo.
XLSemanal: Como Los Angeles a recebeu?
MV: Estive aqui há dois anos e me senti mal porquê me senti muito sozinha. É uma cidade inóspita, muito grande, tem que usar o carro para tudo…
XLSemanal: Por que resolveu mudar-se para cá?
MV: Por razões pessoais… Mas não tenho planos a longo prazo. O trabalho de atriz é estranho. Muitas vezes decidem por você. Trabalho há 15 anos, mas nunca sei nesse sentido. Para todas as mulheres em certa idade está vazio.
XLSemanal: Mas você só tem 29 anos.
MV: Mas vou fazer 30 e já vejo o que vou ter que enfrentar.
XLSemanal: Em 2014 se mudou para Londres. O que buscava e o que encontrou?
MV: Me recuperar, poder andar, respirar… E me encontrei com a mulher que quero ser, uma mulher independente. Suponho também que é a idade. Tem gente que ri, mas a crise dos 30 anos existe e eu estou vivendo ela. Mesmo que eu acredite que vivo em uma crise contínua [risos].
XLSemanal: Em 2013, a entrevistamos junto com Mario Casas. Eram os ídolos adolescentes do momento e, também, um casal na vida real. Compreende a febre que seu rompimento desatou?
MV: Às vezes é complicado separar sua vida pessoal da profissional. Durante anos isso me preocupou muito, mas logo me dei conta que o importante é ser natural. Claro que é difícil que todo mundo esqueça o que aconteceu. E é doloroso que as pessoas te lembrem. Mas, apesar de tudo, sempre me senti muito respeitada.
XLSemanal: Seu novo companheiro é o diretor de orquestra e compositor Gustavo Dudamel. Te dava medo expôr sua relação depois daquilo?
MV: Eu não me importo! Me enche de orgulho estar com Gustavo e acompanhá-lo. Temos que fazer as coisas com os sentimentos e há momentos em que quero estar fechada, mas agora mesmo quero revelar tudo. E por que não? Com Mario era diferente. Eu era mais jovem, não tinha as ferramentas que tenho agora. As relações tem que ser vividas com naturalidade. Para o bem ou para o mal.
XLSemanal: Suponho que Gustavo tenha aberto as portas de um mundo novo para você.
MV: Gustavo abriu as portas da beleza para mim. E eu digo isso a ele. A princípio me sentia intimidada pelo mundo da música clássica que para mim era totalmente desconhecido. Fico encantada porquê sempre sinto fome de conhecimento. E agora o tenho em casa. É perfeito.
XLSemanal: Perdoe a grosseira, mas se nota que está feliz…
MV: Estou muito tranquila e um pouco esmagada pela beleza que chegou na minha vida com essa relação. Sobretudo porque quando não se espera algo, não sabe como controlá-lo. Sinto que tenho mais experiência, mas sobretudo que estou recuperando a ilusão que tinha perdido.
XLSemanal: Se definiu como uma yonqui (viciada) em emoções. Isso é uma vantagem para uma atriz?
MV: Em minha vida pessoal sou muito passional. E, às vezes, isso é ruim [risos]. Mas sim, me ajuda a atuar, mesmo que a idade te faça mais calculista, mais medrosa. É horrível porque perde sua essência. Mas sim, suponho que sou uma atriz porque gosto de ser uma yonqui emocional. Mas com saúde [risos].
XLSemanal: O que pensa agora da garota de 16 anos que fez ‘La Flaqueza del Bolchevique’?
MV: Parece que foi antes. Lembro com muito carinho. Não tinha medo de nada. Acredito que conservo essa valentia e me nego a perdê-la.
XLSemanal: Se daria algum conselho?
MV: No. Poderia ter feito melhor algumas coisas, mas não me arrependo de nada. Não se pode ser tão exigente consigo mesmo.
XLSemanal: Acredito que seus pais te deram essa lição marcando seu primeiro suspensa.
MV: Sempre fui muito perfeccionista, muito organizada. E meus pais quiseram me ensinar que ser perfeito não é bom, que não é ruim falhar de vez em quando.
XLSemanal: Naquela época você queria ser astronauta
MV: Eram coisas de criança. Meu pai sempre sonhou em ser piloto e eu… queria um foguete! Com 13 anos me presentearam com um capacete antes de ter uma moto e uma amiga começou a me chamar de María Valmarte [risos].
XLSemanal: Ninguém, nem seus pais nem sua agente queriam que fizesse Melissa P., um filme sobre o despertar sexual de uma adolescente. Desde aquela época era valente.
MV: Sim. Muita gente próxima se mostrou contra e demoraram anos para me perdoar. Mas acredito que as decisões tem que ser próprias, pode se equivocar ou não, mas tem que vivê-las. E eu queria viver aquela experiência, não importando o resultado.
XLSemanal: O que aprendeu?
MV: Que você tem que ser egoísta com o que quer e com o que sonha, e lutar por isso. Não importando o que os outros esperam de você.
XLSemanal: Fica nervosa quando fica um tempo sem trabalhar?
MV: Um pouco, mas é natural. Entre um filme e outro gosto de me informar, mas com coisas que não tem nada a ver com a interpretação. Quero saber o que sou capaz de fazer se ser atriz não tivesse funcionado.
XL Semanal: Como faz um impacto em Hollywood uma atriz espanhola?
MV: Não tenho nem ideia. Agora tenho um agente aqui, outro na Espanha e também outro na Inglaterra. Vou em alguns castings, mas não estou entrando de cabeça. Não sei como funciona. É tudo tão grande! Não sei o que vai acontecer com a minha carreira a partir de agora, mas gostaria de trabalhar na Europa e na Espanha.
XLSemanal: Dois anos atrás filmou Êxodo com Ridley Scott. Uma superprodução desse calibre não se parece em nada com filmar um espanhol, sim?
MV: São formas diferentes de trabalhar. Aqui não pode fazer algo que não corresponda a você. Na Espanha podem tanto ser ator quando ajudar a carregar cabos. Eu gosto de ajudar os técnicos. Aqui é impensável. Mas foi interessante me esgueirar por aqui. Te tratam como uma princesa, mas aproveitei pouco, não queria me acostumar. É muito difícil chegar e se posicionar.
XLSemanal: Penélope Cruz e Elena Anaya triunfaram aqui. Não confia em si mesma?
MV: É que não sei se gostaria de chegar ai. Ou se seria para o bem ou para o mal. Às vezes esse êxito não é a felicidade. Eu ainda estou descobrindo o que me faz feliz.
XLSemanal: A pedidos, com que diretor gostaria de trabalhar?
MV: Com Sofia Coppola. É meu sonho desde pequena. Me encanta seu cinema, me identifico muito com seu mundo feminino. Também gostaria de filmar com isabel Coixet e me traria muita felicidade reencontrar-me com Manuel Martín Cuenca. Mas, na verdade, gostaria de trabalhar com alguém que me desafie. Me deixe a par.
XLSemanal: Quando volta a Madri, dorme em seu quarto de adolescente?
MV: Sim e é uma sensação maravilhosa, porquê me mimam e me amam. Mas quando vou, meu coração aperta um pouco. Vê que seus pais estão mais velhos e você não é mais a mesma. Me dá um pouco de nostalgia de que essa fase não vai voltar.
Fonte | Tradução – Larissa F.
A revista Grazia liberou a entrevista que realizaram com María no ESS. Leia abaixo:
Berlim amanheceu com nuvens carregadas no céu e temperatura que nos convidam a olhar o inverno através da ventania, e no calor do lugar. No entanto, María Valverde (Madrid, 1987) está em pé de guerra bem cedo. O cansaço chega e não é para menos: os últimos dias têm sido intensos, tanto de trabalhos como de emoções… Mas ela não se deixa vencer.
María faz parte da seleção anual do European Shooting Stars que apresenta 10 talentos que surgiram no Festival de Cinema de Berlim. Rachel Weisz, Eduardo Noriega, Mélanie Laurent, Daniel Craig, Elena Anaya e Leonor Watling são algumas das estrelas nacionais e internacionais que, ao começarem suas carreiras, participaram de edições deste evento que divulga e premia o jovem talentoso europeu
São apenas 11 horas da manhã. María ainda aguarda algumas horas antes da cerimônia de encerramento que será celebrada no Berlinale Palast. Seu frescor contagia alegria, seu entusiasmo espanta qualquer exaustão e confusão que Rina no Audi Lounge na praça Marlene Dietrich (onde os novos talentos atendem a imprensa), surge como um bom momento para falar do novo caminho que surge pela frente. Tendo em conta sua trajetória, não seria estranho que sua próxima volta ao Berlinale será para ganhar o Oso de Plata.
O que significa para a sua carreira a participação no European Shooting Stars?
Me deu muita alegria receber a notícia, significa tudo porque é algo que eu sempre sonhei e segui há anos, sendo assim, uma honra para mim. Não sei como vai influenciar em meu trabalho, mas isso é o de menos. É melhor estar emocionada com a experiência, viver e levar isso para casa.Como tem sido estes dias no Festival de Berlim?
Cheguei sexta-feira à tarde e à noite tivemos uma reunião onde nos contaram como iria ser o final de semana e a agenda. No dia seguinte nos ocupamos com entrevistas, de um site a outro, sessões de fotos, temos ido a várias recepções… e assim está hoje (segunda-feira) esta noite acaba tudo.Conheci muita gente e fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de estar com Daniel Brühl, que encerrará o evento: ele está muito animado para ser nosso anfitrião, eu o conheço há muito tempo e ele é alguém muito importante para mim.
Os outros atores que estão no ESS com você são bastante jovens…
Sim, está é minha última oportunidade de “crescer” (ri). Aliás, é a primeira vez que eu sou a mais velha. Agora estou em outro momento da minha vida, assim que eu tenho entendido as coisas, eu não sou “a pequena” como me chamavam sempre…Tem sido difícil lidar com isso?
Não! Eu amo! (Sorri). É muito interessante. Nunca gostei de ser a mais nova e isso me deixa esperançosa. Eu amo ver os talentos que essas crianças têm. São atrizes e atores maravilhosos. Talvez eu tenha alguns anos a mais de carreira do que eles, mas o talento que eles têm me dá medo, é esmagador e isso me inspira muito. A verdade é que eu sempre gostei de me arriscar.Você planeja de alguma forma desenvolver sua vida profissional?
Estou improvisando… (Risos). Não tenho nada estudado. Eu tenho a sorte, durante toda a minha carreira, de trabalhar em projetos muito bons, em diferentes partes do mundo e em diversos idiomas. A verdade é que gosto de me arriscar e as coisas que pareciam ser fáceis não são tão difíceis. Assim que, para mim, tem sido um trabalho atrás do outro e eu gosto muito de me mudar… Nesse sentido, eu gosto de ser uma atriz um pouco nômade.Chama atenção que suas próximas estréias são filmes de época, como Ali and Nino, La Carga e Gernika. Como você enfrente estes tipos de trabalhos?
É muito delicado, pois para interpretar personagens reais e episódios históricos tem que se informar muito bem, estudar muito e ser muito prudente. Tenho sorte por ter personagens femininos muito fortes que também me inspiraram como pessoa. Mas eu não posso negar que é vertiginoso, porque você quer ser rigorosa em relação aos fatos.Você enfrenta seus personagens de maneira distinta de como você fazia no início?
Creio que quando comecei, eu era mais perfeccionista e cerebral. Agora, meu trabalho é fazer tudo ao contrário, ou seja, perder os papéis e não se preocupar. Não quero saber o que vai acontecer, quero apenas fazê-lo. Também sou muito organizada, mas aprendi que a vida não pode ser controlada, entende? Porque vou controlar um personagem? Me encontro em um ponto em que estou desprendendo tudo que aprendi. Talvez dessa maneira meu trabalho e percepção mudem dentro de alguns anos, mas eu não sei como, terei que inventar (sorri).Como está sendo para você morar fora da Espanha?
Necessário. Eu gosto muito de estar fora, porque quando volto, sinto que eu amo meu país, que eu o valorizo e respeito. Eu gosto de pensar que às vezes perder, nós faz dar o valor real as coisas.Como é a sua vida diária em Londres?
Agora estou aprendendo francês porque meu próximos filme é neste idioma. Mas eu levo uma vida muito tranquila, improviso bastante, faço yoga, faço aulas, passeio muito, vou a museus… Ir à galerias nacionais e estar admirando quadros durante horas é um luxo. Para mim, viever em Londres é inspirador, é como estar de férias, me alimento de cultura, de gente eu eu não conheço e que às vezes não entendo. Eu não sei quanto tempo vou ficar ou onde vou passar a vida, mas eu me sinto muito livre aqui e é disso que eu preciso.Alvo que você queira fazer a todo custo em seu futuro trabalho?
Eu quero ser muito flexível, por isso não quero desejar nada. Eu não quero viver de decepções, se isso acaba, tem que terminar e pronto. Eu quero sentir o que eu quero fazer. Não quero imaginar como será minha carreira. Quero fazer coisas que eu nunca fiz, quero escolher instintivamente. Por isso quero continuar porque estou indo muito bem e estou muito feliz por isso.Você é muito fiel ao seu perfil do Instagram… Isso te leva a se sentir exposta ao se mostrar?
Acredito que é necessário que as pessoas saibam que tipo de pessoa nós somos. Sendo uma figura pública, não posso ser misteriosa e reservada, isso é uma mentira. Há anos aprendo que a naturalidade tem que reinar por cima de tudo, que somos pessoas, e que também podemos ficar tristes com apenas uma palavra. Tudo é um jogo e estamos aqui para desfrutar, não é? Eu gostaria de ser uma boa referência para as pessoas, porque eu tenho seguidores muito jovens e isso me faz sentir responsável, mas acredito que isso não vai deixar influenciar quem eu sou ou de ensinar a pessoa que estou me convertendo, goste ou não. Quando as pessoas vêm até mim, eu os agradeço porque eu os valorizo; faz bem apreciar as coisas agradáveis. Você não pode vê-los quando está em seu ambiente, isso não é justo.
Fonte | Tradução – Yasmim